Especulação é um termo cada vez mais comum nos mercados financeiros. Afinal, qual é o papel dos especuladores? São pessoas ou instituições que se dedicam a acompanhar o mercado, procurando anomalias (diferenças de preço).
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Ganham dinheiro comprando onde é barato e vendendo onde é caro. A sua função é, em geral, benéfica para esse mercado onde actuam, pois alinha os preços e contribui com liquidez.
E porque se tornou o nosso país alvo dos especuladores? Segundo César das Neves, Portugal "criou uma anomalia e, com isso, deu uma oportunidade de ganho". Essa anomalia tem a ver com a dívida crescente do país, o que aumenta o risco de incumprimento das nossas responsabilidades. Mas o real problema não são os especuladores, eles apenas aceleram o seu impacto. "Nós gostávamos dos especuladores quando não tínhamos o desequilíbrio actual, porque nos baixavam os custos da dívida. Agora não gostamos, porque nos sobem esse custo", afirmou ao JN o economista.
Um especulador pode ganhar, mas também pode ter perdas. No caso português passa-se o seguinte: os especuladores estão a apostar que a nossa dívida vai descer de preço. Assim, estão a vendê-la já a preço baixo. Se a dívida realmente cair, eles compram-na no futuro mais barato e entregam-na a quem a venderam. Se o preço não descer, mas subir, os especuladores então perdem muito dinheiro.
E de que forma Portugal pode agir contra a especulação? "Temos de ter uma política orçamental credível", acredita César das Neves. "Não podemos aproveitar-nos do mercado internacional quando nos dá jeito e depois criticar quando eles nos atacam pelos nossos erros". Já para João Loureiro, as autoridades têm um papel limitado, e "quando o problema da Grécia estiver resolvido, deixa de haver especulação em Portugal", afirmou o economista.