O presidente do Eurogrupo antevê um debate "difícil" na reunião desta sexta-feira à tarde, em Bruxelas, na qual os ministros das Finanças da zona euro vão tentar um acordo que permita as Grécia resolver os problemas de financiamento para os próximos seis meses. Jeroen Dijsselbloem diz que "há razões para ter otimismo" e espera anunciar resultado "num par de horas". Varoufakis espera "fumo branco".
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"A nossa esperança é que haja um acordo e eu acredito que vamos conseguir. O governo grego avançou não apenas uma milha, mas mais 10 milhas. E agora espero que parceiros percorram a outra metade do caminho. Não tenho qualquer dúvida que irá ser um debate muito educado e no final teremos fumo branco", afirmou o ministro grego à chegada à sede do Conselho Europeu, que acolhe a reunião, que está marcada para as 16.30 horas de Bruxelas (menos uma hora em Portugal continental).
Entretanto o ministro alemão das Finanças não descartou a possibilidade de haver um acordo esta sexta-feira, dizendo até que trabalhará "com todo o seu poder" para que tal aconteça, desde que a "confiança entre todos" esteja assegurada.
"Vamos ver o que acontece hoje, não há nada de novo para dizer, eu poderei acrescentar que não está em causa apenas um país, mas a Europa. É da nossa capacidade de confiar uns nos outros e de aumentarmos a confiança de todos os povos europeus que trata o andamento deste processo de acordo europeu. Estamos a trabalhar com todas as nossas forças para isso", disse o ministro Wolfgang Schäuble.
O presidente do Eurogrupo vê razões para "algum otimismo" para um acordo sobre a proposta de extensão do resgate de 172 mil milhões de euros, por mais seis meses. Mas, Jeroen Dijsselbloem espera que um resultado ainda leve "algum tempo".
"Estou a falar com os principais jogadores a tentar encontrar soluções. Vai levar algum tempo, mas ainda há motivo para algum otimismo. Mas é muito difícil", afirmou Dijsselbloem, enquanto pedia licença para regressar à sala, esperando "anunciar um resultado num par de horas".
Por sua vez, o ministro francês das Finanças, Michel Sapin, reafirmou que os trabalhos que vão decorrer esta tarde têm como objetivo "manter a Grécia na zona euro", negando que outra opção esteja a ser considerada e defendendo que a permanência da Grécia no euro "é a única opção".
Esta sexta-feira, a revista alemã "Der Spiegel" avançou que estão a ser preparados "planos de contingência", no Banco Central Europeu, a contar com a possibilidade da Grécia ser afastada da zona euro.
O Governo grego fez chegar a Bruxelas uma carta de duas páginas a pedir a extensão do "Master Financial Assistance Facility Agreement", designação oficial do contrato estabelecido para os empréstimos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). Mas, poucas horas depois do pedido, governo alemão anulou qualquer esperança de Atenas para encontrar uma solução.
Tecnicamente, o acordo que Atenas pede para ser prolongado por "seis meses" está vinculado ao programa e não é válido sem a assinatura do Memorando de Entendimento, que obriga o Estado a seguir um roteiro de reformas. No artigo 4º, o acordo legal assinado com FEEF compromete o Estado-Membro que o subscreve com o "cumprimento das medidas do Memorando de Entendimento", assinando com as instituições, tradicionalmente designadas como troika.
Na realidade, Yanis Varoufakis propõe que sejam encontrados "os termos financeiros e administrativos mutuamente aceitáveis", para que haja acordo. Mas, Berlim desconfia e classifica a carta de Yanis Varoufakis a tentar um novo acordo, como um "cavalo de Troia", segundo o "Financial Times", temendo que os gregos estejam a preparar-se para romper com o programa, que já identificaram como "a origem da crise".
No projecto de acordo, que não chegou a ver a luz do dia, na reunião da passada segunda-feira (16), Varoufakis identificou os resultados do programa de ajustamento como "o falhanço". Schäuble olha, por isso, com desconfiança para as nova proposta do governo de Alexis Tsipras e não aceita desbloquear a tranche de 7200 milhões de euros, que restam do programa de assistência, prestes a terminar no final do mês.