O ex-presidente do BES Angola, Rui Guerra, disse, esta terça-feira, no parlamento, que vendeu dois lotes de ações do BES em março e abril de 2014 por uma "decisão económica" e "pessoal".
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"De forma fria, económica, decidi vender. Foi meramente uma decisão económica e pessoal", vincou o responsável, ouvido esta terça-feira, desde as 15.00 horas, na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES).
A deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua havia questionado Rui Guerra sobre a venda de dois leques de ações em março e abril de 2014 e se tal foi devido ao preço de venda das mesmas ou se resultava do conhecimento do responsável da "instabilidade" no GES. "Foi o preço das ações", respondeu o antigo presidente do BESA.
Rui Guerra havia revelado que detinha ações que recebeu enquanto quadro do banco num sistema de incentivo e outras que adquiriu em seu nome e com o seu capital.
A 3 de agosto passado, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.
A comissão de inquérito arrancou a 17 de novembro passado e tem um prazo total de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.
Os trabalhos dos parlamentares têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".