Os ministros das Finanças da zona euro retomaram as negociações esta manhã, em Bruxelas, sobre as propostas do governo grego. As expetativas de êxito são muito reduzidas O presidente do Eurogrupo admite que a situação continua "muito difícil".
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"Continua a ser muito difícil. Mas, o trabalho está em curso", afirmou Jeroen Dijsselbloem, numa declaração informal, no final da reunião. O holandês disse que os trabalhos ficaram suspensos.
"Tivemos uma discussão aprofundada sobre a propostas gregas, tal como as questões da credibilidade e da confiança, e claro, os problemas financeiros. Mas, como é óbvio, não conseguimos chegar a uma conclusão. Por isso, temos de continuar", afirmou Dijsselbloem.
A reunião terminou ao fim de nove horas, em que as instituições que compõem a troika estiveram a apresentar as análises às sustentabilidade da dívida, às necessidades de financiamento para os três anos do resgate e à qualidade das propostas apresentadas pelo governo grego.
Quando chegou à reunião, o comissário dos assuntos económicos e financeiros, Pierre Moscovici reduziu as propostas do governo grego a "uma base" para um possível programa. "O sentimento geral é que são necessárias reformas sólidas, que sejam apropriadas e que sejam postas em prática rapidamente", disse o comissário.
Mas, quando a reunião terminou, Moscovici considerou que "continua a haver esperança", sem especificar, porém o que é preciso fazer para que a esperança que mantém "sempre" se transforme num acordo.
Para concordarem com a abertura de negociações entre Atenas e a Troika, os ministros exigem que o governo possa transformar alguns dos pontos da propostas e "leis nacionais" como acção imediata, ao longo da "próxima semana", de acordo com fontes oficiais. Será ainda necessário um "aprofundamento das medidas", que na pratica se traduz por mais austeridade.
A áreas de intervenção deverão ser a liberalização do mercado, a reforma do Estado. Será também necessário acelerar o processo de privatizações e aprofundar os cortes na defesa.
"Uma das razões para poder ser exigido o reforço da austeridade tem a ver com o facto da proposta apresentada ser basicamente a mesma que tinha sido apresentada pelas instituições, para montantes de financiamento que eram significativamente inferiores", justificou um diplomata, ao DN.
O valores que foram colocados ontem em cima da mesa, pelas instituições que compões a troika apresentam ligeiras discrepâncias, quanto às necessidades de financiamento, em relação às instituições europeias e ao FMI. O Banco Central Europeu e o BCE calculam que o montante necessário para o resgate se situem em 74 mil milhões de euros, enquanto que o FMI aponta para os 78 mil milhões.
Finlândia rejeita proposta
As medidas foram rejeitadas pela Finlândia, uma vez que o partido de direita, euro-céptico não apoia a proposta, ameaçando uma ruptura na coligação, com a consequente queda do governo.
Grexit temporário
Ontem, enquanto decorria a reunião do eurogrupo, o jornal alemão, Frankfurter Allgemeine Zeitung fez circular a informação sobre a existência de um documento do governo do ministério alemão das Finanças, na qual se defende a saída da Grécia da zona euro, de forma temporária, por um período mínimo de "cinco anos".
No primeiro cenário apresentado, o documento propõem a aprovação das propostas, a troco da execução imediata de garantias no valor de 50 mil milhões de euros, sem especificar que activos poderia ser mobilizados.
O documento sem qualquer menção que identifique a sua proveniência, tem data de 10 de Julho e apareceu divulgado na página de internet do eurodeputado dos verde Sven Giegdold, sensivelmente à mesma hora em que se tornou notícia na imprensa alemã.
As primeiras informações apontavam para a possibilidade do documento ter circulado na sala da reunião. Mas, o governo grego apressou-se a dizer que nunca, em algum momento, a possibilidade de uma saída temporária da Grécia da zona euro lhe foi proposta pelo ministro alemão das Finanças.