Federação receia "terrorismo psicológico" para obrigar trabalhadores a rescindir
A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações receia que os trabalhadores da Transportes de Lisboa venham a sofrer "terrorismo psicológico" caso não aceitem rescindir os contratos de trabalho, à semelhança do que ocorreu em processos anteriores na Carris.
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O presidente da Transportes de Lisboa, Rui Loureiro, que disse esta sexta-feira à Lusa que existem trabalhadores da empresa interessados em rescindir o contrato de trabalho, estando em causa cerca de 350 casos.
Manuel Leal, da FECTRANS - Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, alerta que tais declarações levantam "toda a reserva" perante "o concretizar do novo processo dito de rescisões mas que se tem traduzido efetivamente em ações de verdadeiro terrorismo psicológico, que leva os trabalhadores a assinar ou que não lhes deixa outro caminho senão assinarem" a rescisão.
De acordo com o responsável, a prática da administração da empresa Carris, em anteriores processos de rescisão, ocorridos entre 2005 e 2008, foi o de exercerem "terrorismo psicológico" sobre os trabalhadores, levando-os a assinar a rescisão do contrato.
"Essa tem sido a prática em situações anteriores, nomeadamente esse processo esteve na ordem do dia no processo de rescisões que se efetuaram na Carris, a colocação dos trabalhadores em salas em que unicamente tinham uma cadeira para estarem sentados e que levou à intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) que obrigou à eliminação a situação", recordou.
A Transportes de Lisboa, empresa que surge da fusão da Carris, Metropolitano de Lisboa e Transtejo/Soflusa, pretende rescindir contrato com cerca de 350 trabalhadores, confirmou Rui Loureiro, depois do "Diário Económico" o noticiar.
Segundo o presidente da Transportes de Lisboa, a rescisão de contratos "tem a ver com a otimização dos recursos e a unificação das empresas".
"Quando se juntam empresas grandes em termos das áreas corporativas, necessariamente, temos sinergias que se ganham e fica pessoal excedentário, o que não se passa por exemplo em termos operacionais. Ao nível operacional, não podemos reduzir, uma vez que continuamos a necessitar dos maquinistas, dos motoristas, dos marinheiros. Ao nível corporativo, é normal que isto suceda", explicou Rui Loureiro.
Questionado sobre se os trabalhadores já foram de alguma forma informados sobre a necessidade de rescindir contratos, o responsável da empresa Transportes de Lisboa disse que "ainda não", mas que "as pessoas sabem, tem havido alguns contactos".