Fim Zona Euro abriria portas ao crescimento económico nos países mais afetados
O desmantelamento da zona euro poderia livrar as 16 nações que compõem a região de anos de estagnação económica, ao potenciar a competitividade dos membros mais fracos e a procura interna na Alemanha, indica um relatório da consultora Capital Economics.
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"A ameaçadora rotura da zona euro, que muitos vêem como um potencial desastre, na verdade abriria a porta a um renovado crescimento económico, não apenas para os membros mais fracos da zona euro, mas para a Europa como um todo", indica o relatório dos analistas da Capital Economics, baseada em Londres.
A crise da dívida grega afectou o euro e forçou os governos - Espanha, Portugal e Itália, entre outros - a adoptarem medidas de austeridade com vista a cortar os seus défices, o que prejudica o "outlook" de recuperação da maior recessão económicas nas últimas seis décadas.
A 08 de julho, o Fundo Monetário Internacional manteve a sua previsão de 1 por cento de crescimento da zona euro este ano, que no primeiro trimestre cresceu 0,2 por cento.
Ainda de acordo com a Capital Economics, as economias mais fracas da Europa enfrentam "anos de dificuldades económicas" à medida que são obrigadas a encolher custos e preços para voltar a ganhar competitividade face à Alemanha, que continua a gerir um excedente comercial e a restringir a procura interna.
A Itália, Espanha, Irlanda, Portugal e Grécia poderiam rapidamente reduzir o fosso de competitividade se voltassem às suas antigas moedas, que poderiam desvalorizar e permitir um crescimento das exportações, acrescenta o relatório.
"Isto ofereceria uma via de fuga às dificuldades através do crescimento económico, em vez de uma depressão", concluem os economistas da Capital Economics.
Uma saída total do euro também ajudaria a Alemanha, já que um readoptado marco alemão valorizaria e forçaria o governo a expandir a procura interna para manter postos de trabalho e crescimento, o que em última análise melhoraria o nível de vida dos alemães. Por sua vez, isso potenciaria as importações dos outros países da zona euro, ajudando a reequilibrar a economia europeia.
Num outro relatório de 7 de Julho do banco ING, vários economistas estimaram que as perdas acumuladas em caso de rotura da zona euro nos primeiros dois anos após a cisão seriam "perto de 10 por cento", ultrapassando em muito as perdas causadas pela queda do Lehman Brothers, em Setembro de 2008.