O Fundo Monetário Internacional lamenta que o Governo tenha alterado a composição dos cortes da despesa da administração pública, passando a ter mais enfoque em poupanças setoriais específicas e menos em medidas horizontais.
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No seu relatório sobre a oitava e a nona revisões regulares ao Programa de Ajustamento Económico e Financeiro (PAEF), o Fundo refere que o ajustamento em 2014 vai ser "largamente alcançado através de uma redução permanente na despesa", confirmando-se que o ajustamento a fazer nesta área representa 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB), tal como acordado já na sétima revisão.
No entanto, nota o FMI, "a composição das medidas mudou: o peso das medidas horizontais (cortes nos salários e nas pensões) foi reduzido em quase metade (para os 0,9% do PIB), com maiores poupanças setoriais específicas", que incluem sobretudo a não renovação de contratos de trabalho a tempo certo e cortes nos consumos intermédios".
De acordo com uma tabela que faz parte do relatório do FMI, em 2014, o Governo vai implementar medidas para poupar o equivalente a 2,3% do PIB, sendo que 1,7% desse valor será através de cortes na despesa da administração pública.
O Governo deverá poupar o equivalente a 0,6% do PIB com os cortes salariais, a que se somam 0,4% com os cortes nas pensões e 0,9% com medidas setoriais específicas. No entanto, as rescisões amigáveis deverão ter um custo correspondente a 0,1% do produto.
O FMI "lamentou este reequilíbrio, umas vez que a implementação de medidas horizontais é mais fácil de adotar, monitorizar e manter", lê-se no documento.
Os técnicos da instituição liderada por Christine Lagarde referem que as autoridades portuguesas justificaram a alteração com o ajustamento do sistema de requalificação "induzido pelo Tribunal Constitucional" e com a eliminação Taxa Social Única (TSU) das pensões, "devido à forte oposição política", uma medida equivalente a 0,3% do produto.