Francisco Pinto vive em Leça da Palmeira, tem 8 anos e será um dos mais jovens lesados do papel comercial do BES.
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Não é rico, mas todo o dinheiro que recebeu de prenda durante a sua curta vida - 6 a 7 mil euros - foi ajudar a engrossar o montante que a mãe e os avós colocaram naquela "aplicação garantida como um depósito a prazo, assegurou, na altura, a gestora bancária".
A mãe, Inês Castro, diz que "não se consegue explicar a uma criança que tentamos educar por que é que um sítio que devia ser seguro, um banco, ficou com o dinheiro dele". Depois do que se passou, o Francisco passou a "guardar todo o dinheiro que junta num mealheiro (ironicamente, do BES"). Mas a mãe relata a dor de alma que subsiste após um diálogo típico em que o filho lhe pediu para comprar algo e ela respondeu para juntar dinheiro. "Ele disse que tem dinheiro, só que o BES ficou com ele".
Os avós eram os donos da maior fatia dos 350 mil euros que, entre todos, aplicaram no BES. Antigo trabalhador do Porto de Leixões, José Castro, 88 anos, e ex-professora, Maria Arlete Castro, 79 anos, amealharam durante toda a vida e, apesar de terem reforma, temem "não ter dinheiro para despesas de saúde que venham a surgir".
Inês Castro ainda aplicou 100 mil euros da microempresa que possui, na Maia, e onde emprega 10 pessoas. "Convenceram-nos a juntar o máximo de dinheiro possível para termos uma taxa de juro melhor, de 4%", justifica.