Depois de três aumentos de preço consecutivos, os combustíveis vão descer esta semana. A redução esperada é de um cêntimo no gasóleo, que deverá passar, considerando os valores médios da última semana, para os 1,944 euros por litro, e de seis cêntimos na gasolina, para os 1,826 euros.
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São já mais de 34 cêntimos de redução na gasolina desde o pico mais alto, atingido em junho, e de 13,6 cêntimos no gasóleo, o que significa que, a descida acumulada, considerando já a desta semana, é de 19% na gasolina e de 7% no gasóleo. As expectativas dos analistas é que os preços se mantenham altos. Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, admite mesmo que as perspetivas para o próximo inverno "não são nada animadoras".
Se olharmos para os preços médios praticados em Portugal continental em outubro de 2019, antes da pandemia de covid-19, o gasóleo custava então 1,365 euros por litros e a gasolina 1,475 euros, ou seja, eram 43,15% e 27,86% mais baixos, respetivamente.
Com a pandemia e o Mundo confinado, caíram para o valor mais baixo em maio de 2020, altura em que chegaram a 1,118 euros no gasóleo e os 1,23 euros na gasolina. Mantiveram-se relativamente estáveis, com ligeiras alterações, até novembro, altura em que iniciaram a trajetória ascendente. Este ano arrancou com o gasóleo nos 1,513 euros e a gasolina nos 1,693 euros e a invasão da Ucrânia acentuou a tendência, com os combustíveis a dispararem 25,6% no gasóleo e 20% na gasolina para o patamar máximo dos 2,080 e 2,171 euros, respetivamente, atingido em junho.
Gasóleo mais caro
Desde agosto que o gasóleo está mais caro do que a gasolina e tudo indica que assim se manterá, devido a um "problema estrutural", diz António Comprido, secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro), lembrando que a Europa é deficitária em gasóleo - ao contrário da gasolina, em que é excedentária - , que importava, em grande parte, da Rússia. A guerra na Ucrânia e as consequentes sanções à Rússia levaram a uma redução de stocks, agravada pela diminuição da capacidade de refinação por via das greves das refinarias em França. Tudo isto tem gerado uma "escassez crescente" deste combustível, levando a que a cotação do gasóleo cresça a um ritmo muito superior à da gasolina e do petróleo. Já Paulo Rosa lembra que a "evolução nos próximos meses vai depender muito do rigor do próximo inverno", já que o gasóleo é usado também como fonte de aquecimento. Razões por que Ricardo Marques, analista da IMF, considera que, mesmo que haja uma queda das cotações do petróleo, "o gasóleo poderá nem sequer baixar".
OPEP+
A decisão anunciada, há dias, pela OPEP e seus aliados, de cortar a produção diária de petróleo em dois milhões de barris, a partir de novembro, vem colocar maior pressão ainda sobre o mercado dos combustíveis.
Embargo à Rússia
A cotação do Brent tem vindo a oscilar entre os 90 e os 95 dólares por barril, nos últimos tempos e dificilmente baixará daí, atendendo a que, em dezembro, entra em vigor o embargo da UE ao petróleo russo. A partir de fevereiro, arranca o embargo europeu aos produtos refinados na Rússia, como a gasolina e o gasóleo, o que poderá complicar ainda mais a situação.