O FMI considera que os bancos considerados "demasiado grandes para falir" beneficiam de subsídios públicos implícitos devido à expectativa de que o Governo os pode apoiar, o que se reflete nos menores custos de financiamento que conseguem.
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Segundo o relatório de estabilidade financeira hoje divulgado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) diz que os bancos "too-important-to-fail" (em português, demasiado importantes para falir) têm uma vantagem sobre os outros e não competem em igualdade de condições, devido ao suporte público implícito de que beneficiam por serem sistémicos no setor financeiro.
Estes bancos conseguem financiar-se a custos mais baixos, o que o FMI considera que, para além de distorcer a concorrência, pode mesmo levar à "tomada de riscos excessivos" por essas instituições.
Além disso, os próprios credores desses bancos (ou seja, as instituições financeiras que emprestam dinheiro a esses bancos) diminuem a sua monitorização, devido precisamente de em caso de problemas haver um suporte público por detrás.
As instituições "too-important-to-fail" ganharam relevo na sequência da falência do banco norte-americano Lehman Brothers, em setembro de 2008, que obrigou os governos a intervir nos bancos para manter a confiança do sistema financeiro, assim como devido à concentração do sistema com a falência de instituições.
O FMI diz que as reformas financeiras levadas a cabo nos últimos anos diminuíram o apoio público a estes bancos, atingido no pico da crise financeira, mas afirma também que continuam "substâncias", destacando a zona euro, mas também no Japão e no Reino Unido, ainda que em menor escala.
"De acordo com a estimativa, os subsídios implícitos cresceram em 2012 na Europa, possivelmente refletindo a turbulência do mercado a propósito da crise da dívida soberana. Os subsídios, no entanto, caíram no final de 2013. Nos Estados Unidos, os subsídios caíram muito antes, com a discussão e aprovação do Dodd-Frank Act, e não aumentaram substancialmente desde então", afirma o FMI.
A instituição liderada por Christine Lagarde defende maiores esforços para evitar problemas nos maiores bancos.
Além da obrigação de os bancos reforçarem o seu capital, o FMI propõe que seja cobrada uma taxa de estabilidade financeira, a incidir sobre o passivo dos bancos, como acontece em vários países europeus.
Em Portugal, em 2011, foi lançado um imposto extraordinário sobre a banca, que tem desde então motivado críticas dos banqueiros por não depender dos resultados dos bancos, mas precisamente do seu passivo.