O ministro grego da Economia anunciou, esta quinta-feira, que o Governo recuou, definitivamente, em relação à realização de referendar o plano de resgate europeu, aprovado a 27 de Outubro.
Corpo do artigo
"O Governo anuncia de forma oficial que não avançará com nenhum referendo", anunciou Evangelos Venizelos, alertando, no entanto, para o facto de a Grécia necessitar dos oito mil milhões de euros referentes à sexta tranche de apoio da troika até ao dia 15 de Dezembro.
Ao fim de várias negociações, o primeiro-ministro grego começou por admitir um possível recuo na decisão que deixou os líderes europeus inquietos e causou o caos nas bolsas. Georges Papandreou referiu que o recuo no referendo é a condição necessária ao diálogo com o partido da oposição, Nea Dimokratia (Nova Democracia), para a formação de um Governo de unidade nacional.
O primeiro-ministro grego referiu que, em caso de consenso com o líder da oposição, Antonis Samaras, "não seria necessário o referendo". "Creio que as intenções do senhor Samara são boas, que quer cooperar e quer dar uma boa postura", acrescentou.
Fontes do partido da oposição confirmam que Papandreou e Samaras falaram por telefone e que as negociações irão continuar esta noite. "Tenho responsabilidade de encontrar dinheiro para evitar que o país caia em bancarrota", declarou o primeiro-ministro grego, à tarde, num discurso no Parlamento.
"Os sacrifícios estão a ser difíceis, mas ajudam a solidificar os novos cimentos do futuro", acrescentou o governante, destacando, ainda, que a Grécia conseguiu o perdão de uma grande parte da dívida.
Georges Papandreou afirmou que a realização de eleições antecipadas seria "catastrófica" para o país e que o "desafio agora para a Grécia é pôr em prática" o plano da União Europeia contra a crise aprovado em Bruxelas a 27 de Outubro.
"A rejeição (do plano) através do 'não' num referendo, a realização de eleições antecipadas ou a ausência de uma maioria a favor do plano significam a saída do euro", advertiu Papandreou, que falava ao grupo parlamentar socialista, após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros.
"É preciso estabilidade neste grupo parlamentar e no Governo para o futuro do país", afirmou Papandreou, confirmando que não tencionava demitir-se no imediato, apesar das críticas de ministros e deputados.
Durante a reunião, o ministro das Finanças e número dois do Governo, Evangélos Vénizélos, pediu a Papandreou para anunciar "o abandono oficial" do seu projecto de referendo, na origem da crise que agita o país e toda a zona euro. O ministro disse ainda que a Grécia necessita, para cumprir os seus compromissos, que a sexta 'tranche' do empréstimo internacional concedido ao país em 2010 seja entregue "até 15 de Dezembro".
A União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciaram que este pagamento ficaria bloqueado até uma clarificação da situação no país.