O empresário Belmiro de Azevedo, agraciado esta sexta-feira pela Universidade do Porto com o grau de doutor Honoris Causa, considerou que se trata de um "prémio ao trabalho, ao empreendedorismo e ao formar sucessores melhores".
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"Sei bem que a Universidade do Porto não tem banalizado as honras que concede, ao arrepio da corrente contemporânea, que tantas vezes tem levado outras escolas a transformarem os seus graus em moeda quebrada, ao serviço do mediatismo, do interesse material ou do favor político", afirmou o empresário no seu discurso na cerimónia.
Confessando um "orgulho indisfarçável" em receber uma distinção até agora nunca atribuída pela Faculdade de Engenharia a um antigo aluno, Belmiro de Azevedo afirmou-se "um homem realizado": "realizei projectos, enfrentei desafios, venci obstáculos e, chegado a este meu Outono, olho à distância e admito que deixei algumas pedras brancas para sinalizar o caminho das gerações futuras".
Relativamente ao seu "padrinho" de doutoramento, Valente de Oliveira, o "patrão" da Sonae recordou as "várias discussões" mantidas entre os dois sendo o primeiro ministro da Educação e Investigação Científica, do Planeamento e da Administração do Território, das Obras Públicas, Transportes e Habitação e Belmiro "um empresário empenhado em demonstrar as virtudes da 'joint venture' entre quem deve legislar e quem pode fazer acontecer".
"Dele se pode dizer com verdade que soube mandar. Creio que atestará sem dificuldade que eu também lhe soube obedecer", ironizou.
Embora "sem os poderes do Estado", por nunca ter abraçado "a carreira formal do serviço público", Belmiro de Azevedo disse acreditar ter "prestado, ainda que por via indirecta, um serviço à colectividade, promovendo a educação, a produtividade e a competitividade".
"Procurei modernizar empresas, abrir novos mercados, promover a educação e a formação de muitos e bons gestores, fomentar o empreendedorismo e lançar novos empresários. Preocupei-me com a coesão social e com o ambiente, ambicionei resultados económicos que permitissem pagar justas e dignas remunerações a várias dezenas de milhares de colaboradores em vários países, empenhei-me em recompensar fielmente os investidores e em cumprir religiosamente as obrigações fiscais", sustentou.
"Mas - ressalvou - não estive sempre do lado das maiorias. Fui muitas vezes irreverente, embora tenha tentado sempre ser coerente. Desafiei os poderes instalados e os incumbentes, ataquei o que parecia inatacável, com alegria e 'fair play', como no desporto".