Hoteleiros algarvios apelam à requisição civil caso greves da aviação prossigam
A principal associação hoteleira algarvia apelou ao Governo que decrete requisição civil dos trabalhadores da NAV e pilotos da TAP, caso não haja acordo, porque as paralisações poderão prejudicar o Algarve em 50 milhões de euros.
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"O ideal é que haja acordo entre as partes, mas se não houver essa possibilidade o Governo não pode deixar de intervir e decretar a requisição civil", disse à Lusa o presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas.
Os hoteleiros estimam que os prejuízos globais das greves, previstas para vários períodos entre 29 de junho e 3 de julho, atinjam mais de 50 milhões de euros, "com reflexos profundos no setor empresarial - comércio, restauração, rent a car, e outros -, mas também em todos os trabalhadores".
A AHETA sublinha que os prejuízos serão ainda maiores porque as greves ocorrem precisamente na época alta do verão, altura em que a região é mais procurada por turistas e os preços praticados são mais elevados.
A greve dos trabalhadores da NAV (Navegação Aérea de Portugal), prevista para 29 e 30 de junho e 1, 2, e 3 de julho, afetarão cerca de 80 mil pessoas na região, a maioria dos quais turistas estrangeiros, "e pode levar a prejuízos diretos nos empreendimentos turísticos do Algarve de mais de 10 milhões de euros", disse Elidéricio Viegas.
Todavia, a associação reconhece que a greve dos pilotos da TAP, prevista para os dias 5 e 8 de julho e 1 e 5 de agosto, "apesar de lesiva dos interesses turísticos e empresariais regionais, terá um impacto negativo menor, uma vez que o tráfego aéreo de e para o Aeroporto de Faro é assegurado, maioritariamente, por companhias aéreas internacionais".
"Nunca ocorreu uma situação deste tipo e por tanto tempo no Algarve e estamos a falar de greves que terão um impacto brutal na economia regional, com prejuízos de milhões, perante o qual os poderes constituídos não podem ficar indiferentes", disse o presidente da AHETA.
Para Elidérico Viegas, caso a greve se concretize, "será inevitável que comecem os cancelamentos para outras épocas do ano, resultantes da imagem negativa de Portugal e do Algarve junto dos principais mercados emissores".
"A AHETA não pode deixar de chamar a atenção destes trabalhadores para as consequências nefastas desta greve na economia portuguesa em geral e no turismo do Algarve em particular, esperando que as partes envolvidas alcancem atempadamente um entendimento que salvaguarde os interesses gerais", sublinha também a associação em comunicado.
Na terça-feira, o presidente do Turismo do Algarve alertou para as consequências negativas que as greves podem ter na atividade turística, levando ao encerramento de mais empresas e provocando mais desemprego.
Hoje, em entrevista à Rádio Renascença, o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, disse que não descarta "nenhuma possibilidade", incluindo avançar com uma requisição civil, para bloquear a anunciada greve dos pilotos da TAP e "salvaguardar o interesse nacional".