O presidente da Associação Nacional de Proprietários considerou, esta segunda-feira, uma "catástrofe tributária" a reavaliação de imóveis em curso, estimando que o encargo com o IMI venha a aumentar 400% e não 60% como admite a Comissão Europeia.
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António Frias Marques comentava a notícia publicada pelo Jornal de Negócios de que a fatura fiscal com o Imposto Municipal sobre Imóveis irá aumentar 60%, quando o processo de reavaliação de imóveis estiver a produzir todos os efeitos.
O presidente da Associação Nacional de Proprietários (ANP) afirmou que, mesmo que o aumento fosse de 60%, o Governo já estava a ir "muito além" do que está previsto no memorando de entendimento com a 'troika', que é um aumento de 250 milhões em 2012 e de 150 em 2013.
O responsável considera, no entanto, que a estimativa da Comissão Europeia "peca por defeito". "A nossa estimativa, com base no aumento que os nossos associados têm sofrido desde que há esta avaliação, aponta no sentido de 400%, ou seja, o quíntuplo, em média", afirmou à Lusa.
Para António Frias Marques, 60% seria um aumento brutal, mas 400% "é uma catástrofe que se adivinha".
A estimativa da associação baseia-se nos casos concretos dos associados que, desde o início do ano, já foram notificados das reavaliações, a quem a ANP pediu que enviassem cópias da avaliação atual e da anterior para poder monitorizar os aumentos.
António Frias Marques citou o "exemplo paradigmático" do bairro dos Olivais, o mais populoso de Lisboa, onde casas avaliadas em 50 mil euros estão a ser reavaliadas em 250 mil.
O responsável recordou que as notificações para pagamento do IMI só vão chegar às caixas de correio dos proprietários em fevereiro e "então é que as pessoas vão ficar alarmadas".
"As pessoas não vão poder pagar, vão entrar em incumprimento", antecipou, prevendo que "milhares e milhares de imóveis" venham a ser penhorados pelas Finanças.
Para António Frias Marques, trata-se de uma "catástrofe tributária".
Segundo o relatório da Comissão Europeia, o aumento das receitas com o IMI "está estimado em 700 milhões de euros, para 1,9 mil milhões de euros, no final do período de transição de três anos".
No bolso dos proprietários, no entanto, o aumento será para o dobro, já que, segundo as contas do Negócios, o encargo anual médio com o IMI é hoje de 120 euros e passará para 240 quando terminar a cláusula de salvaguarda que reparte por três anos os aumentos excessivos.
A reavaliação de 5,4 milhões de prédios urbanos está prevista terminar no final do ano e fará subir o valor patrimonial dos imóveis, sobre o qual recai o IMI.