O Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público enviou uma carta aos investidores, pedindo para não se guiarem apenas pelo 'rating' da Moody's sobre Portugal e fazerem a sua própria avaliação de risco quanto ao investimento em dívida soberana nacional.
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"A República Portuguesa continua comprometida com a máxima transparência com a comunidade de investidores que, acreditamos, pode analisar a economia Portuguesa além destas avaliações, devemos chamá-los de opiniões, de uma publicação individual", afirma o Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP), na carta a que a Agência Lusa teve acesso.
No documento, a entidade liderada por Alberto Soares critica fortemente a decisão da Moody's de descer o 'rating' nacional, considerando-a "superficial" e baseada "mais na opinião do que em provas".
O IGCP diz ainda que a Moody's "demonstra arrogância" ao ignorar a opinião da 'troika' e acusa ainda a agência de não ter conhecido o novo Governo.
"O gabinete de gestão da dívida portuguesa acredita que a análise da Moody's é superficial, baseada mais na opinião do que em provas e mostra alguma arrogância ao ignorar algumas das conclusões da troika após um trabalho mais extenso e uma lista mais abrangente de contactos", disse na carta enviada aos investidores.
A nota seguiu por e-mail, na quinta-feira, para os investidores em dívida portuguesa e acontece na sequência do corte pela agência de notação financeira Moody's da notação da República Portuguesa de Baa1 para Ba2, colocando-a na categoria de 'lixo' (junk).
O IGCP diz ainda que a Moody's "não conheceu sequer nenhum membro do novo Governo antes de reavaliar os riscos da execução orçamental" e que não deu os "benefícios da dúvida" ao novo executivo com "um mandato claro para implementar um mais forte [programa de] ajustamento do que o acordado com a troika".
A entidade liderada por Alberto Soares diz ainda que "deplora que um tão baixo nível de informações" quanto às intenções do novo Governo tenha levado a uma "declaração tão forte", ou seja, baixar em quatro níveis o 'rating' de Portugal.