IVA aumentará "deslocalização das compras" para Espanha, diz associação empresarial da Guarda
O presidente do NERGA - Núcleo Empresarial da Região da Guarda, considerou hoje, segunda-feira, que com o aumento do IVA, para 23 por cento, inscrito no Orçamento do Estado (OE) para 2011, aumentará a "deslocalização das compras" para Espanha.
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"Nas zonas raianas vai-se notar muito uma deslocalização das compras para o lado de Espanha", disse hoje à Lusa Pedro Tavares, salientando que "numa economia global, uma diferença de sete pontos percentuais [entre o IVA de Portugal e de Espanha] é uma coisa louca".
Segundo o responsável, nos últimos anos "já se notava muito" a deslocação de portugueses a Espanha, "ao nível de combustíveis e de produtos alimentares", situação que "vai ser maior" a partir do próximo ano.
O dirigente aponta que "as pessoas irão sentir no bolso" o aumento do IVA e "havendo menos consumo, irá haver menos produção" no país.
O presidente do NERGA disse que esperava ver no OE de 2011 "medidas de discriminação positiva" para as regiões do interior, como a continuidade das auto estradas A25 (Vilar Formoso - Aveiro) e A 23 (Guarda -- Torres Novas) sem portagens.
"Portajar estas auto estradas vai-nos distanciar do nosso mercado, que é o litoral, porque vamos mais vezes ao litoral do que as pessoas do litoral vêm à região", afirmou.
Considerou mesmo que o caso da A25 "é gravíssimo" porque "o Estado fez uma SCUT (auto estrada sem custos para o utilizador) numa parceria publico privada, em cima de um investimento público que estava pago, o Itinerário Principal n.º 5, e hoje diz que temos que pagar".
"É uma situação demasiado grave e chocante", considera o presidente da associação empresarial da Guarda, alertando que "há pessoas de Vilar Formoso e de Celorico da Beira a trabalhar na Guarda, que vão ser extremamente penalizadas com as portagens e não têm alternativa de emprego".
Pedro Tavares reconhece que as medidas que constam no OE irão originar "a contracção da economia", criando um cenário que, em sua opinião, "vai prejudicar as empresas a nível nacional" e a região em particular.
"O tecido da região da Guarda, que é mais fraco, irá sofrer mais", vaticina o dirigente, reconhecendo que "as regiões mais pobres são as primeiras a sofrer".
O presidente do NERGA também critica o Governo por ter deliberado a aplicação de "medidas inconstitucionais, como a diminuição dos salários, que não era permito fazer mas, de uma penada, o Governo decidiu fazê-lo".
Nesta matéria, referiu que "os empresários são mais sociais que o próprio Estado".
"A ideia que tenho é que, em 2011, os empresários vão tentar fazer pequenos aumentos, e caso não seja possível, pelo menos manter os salários que existem, para que as pessoas não desanimem muito", concluiu.