O ministro da Obras Públicas alertou ontem, quarta-feira, para o risco de Portugal perder fundos comunitários e ter de pagar indemnizações a Espanha, caso o troço TGV entre Poceirão e Caia fosse suspenso. No mesmo dia, os espanhóis decidiram adiar todas as obras ferroviárias em, pelo menos, um ano.
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Ontem, António Mendonça insistiu em concluir toda a linha de alta velocidade Lisboa-Madrid em 2013, mas no quadro das medidas de contenção orçamental os espanhóis decidiram adiar todas as obras ferroviárias , à excepção da ligação do AVE a Valencia. Com esta decisão, a intenção do Executivo português de prosseguir de imediato com a ligação Poceirão--Caia, que inclui a terceira travessia do Tejo, encontra menos argumentos a seu favor. Já em Novembro de 2009, o ministro do Fomento espanhol tinha afirmado que até Março de 2012 o itinerário Badajoz/Madrid estaria em construção, um adiamento de dois anos que já entrava em conflito com os projectos portugueses.
Durante uma audição em comissão parlamentar, António Mendonça alertou para o risco de Portugal perder fundos comunitários já atribuídos e ter de pagar indemnizações a Espanha, caso a construção do TGV entre Poceirão e Caia não aconteça nos prazos definidos. O aviso foi dado ontem numa comissão parlamentar, onde o maior grupo da Oposição anunciou a entrega de um projecto de resolução que recomenda a suspensão da construção das linhas de alta velocidade ferroviária por, pelo menos, três anos.
Após o anúncio, o deputado "laranja", Jorge Costa, questionou o ministro sobre a forma como o comboio de alta velocidade vai entrar em Lisboa, devido à anulação do concurso para o segundo troço da linha Lisboa-Madrid, referente a ligação entre Lisboa e o Poceirão, que integra a terceira travessia do Tejo. O ministro respondeu que a hipótese da linha de alta velocidade entre Lisboa e Madrid parar no Poceirão "não se coloca" e garantiu: "é óbvio que a ligação entre Lisboa e o Poceirão terá de ser feita".