Mediadores imobiliários dizem que fim dos "vistos gold" é "decisão incongruente"
A Associação dos Profissionais das Empresas de Mediação Imobiliária pediu ao Governo para não cessar o programa dos "vistos gold", apontando que tal seria "uma decisão incongruente" e que os imóveis transacionados ao abrigo do programa representam "apenas 0,6%".
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"Pensar em acabar com um programa que em dez anos atraiu para o país cerca de 7 mil milhões de euros e foi catalisador determinante da reabilitação urbana e imobiliária empreendida nos centros históricos de Lisboa e Porto parece-nos uma decisão incongruente", defende a Associação dos Profissionais das Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), num comunicado divulgado esta quarta-feira.
A APEMIP insiste que a ocorrência de irregularidades "numa organização ou instituição no programa não deve despertar como solução a sua extinção".
Na semana passada, António Costa disse que o executivo está a ponderar acabar com os "vistos gold" para obtenção de residência em Portugal.
Para a associação, esta avaliação do programa, que permite o acesso temporário a um visto de residência na sequência da compra de um imóvel de valor igual ou superior a 500 mil euros, "justifica-se e, decerto, haverá mudanças e melhoramentos a realizar", mas defende que erradicar o programa para solucionar "a corrupção ou a especulação imobiliária é puro devaneio".
"Afirmar, como verdade incontestável, que o programa é responsável pela alta generalizada dos preços das casas e, por isso, causador das carências generalizadas de habitação no nosso país, peca por desonestidade intelectual e alheamento da realidade", atira a associação, que argumenta que nos 10 anos de programa os imóveis transacionados ao abrigo deste mecanismo "representaram apenas 0,6% das transações realizadas nesse período em Portugal".
Como alternativa à extinção do programa, a associação defende a criação de condições e programas que "permitam a inclusão de migrantes" na sociedade e mercado de trabalho "com a expectativa do seu contributo laboral, social e financeiro", de modo a que a aplicação do programa não crie "uma situação injusta para aqueles que pretendem residir em Portugal e não têm 500 ou 700 mil euros para adquirir um imóvel".