A ex-ministra do Trabalho e conselheira europeia, Maria João Rodrigues, considerou hoje, sexta-feira, que a criação do mecanismo para concretizar o megafundo europeu pode ser o "embrião" para a estrutura de emissão de títulos europeus de dívida soberana, os 'eurobonds'.<br />
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"Este pode ser o embrião de um mecanismo que possa emitir títulos de dívida da zona euro, os chamados eurobonds", afirmou Maria João Rodrigues, durante o colóquio "Integração Europeia e Democracia", que decorre hoje e sábado no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
A antiga governante, que acompanhou de perto a elaboração da estratégia de Lisboa, considerou ainda que, no que diz respeito à reforma do sistema financeiro, "grande parte está por fazer", criticando ainda a demora na aprovação do mecanismo de apoio aos Estados com dificuldades de financiamento, o megafundo europeu que deverá ter cerca de 440 mil milhões de euros da parte do eurogrupo, a que acresce uma contribuição do Fundo Monetário Internacional.
"O facto deste primeiro instrumento já estar em cima da mesa em Fevereiro e só ser adoptado agora provocou um contágio. Isto podia ser perfeitamente evitado", disse ainda, considerando que o mecanismo pode servir para "lançar um aviso aos mercados" de que, na zona euro, são os países que controlam o risco da dívida soberana.
Maria João Rodrigues demonstrou-se ainda favorável a uma supervisão mais alargada por parte das instituições europeias sobre os Estados membros, mas que, para tal, tem de haver também incentivos positivos para os Estados cumpridores dos requisitos orçamentais e que a estratégia macroeconómica deve passar não só pelos planos de austeridade, mas por políticas orientadas para o crescimento.