<p>Angela Merkel voltou, ontem, quarta-feira, a agitar os mercados ao defender a antecipação, de 2013 para 2011, das novas regras, já acordadas no seio da UE, que penalizam os credores de dívida soberana. A concretizar-se, a medida pode afugentar muitos investidores.</p>
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A chanceler alemã defende que os detentores de dívida pública da Zona Euro devem participar nas perdas em caso de novas crises já em 2011, dois anos antes do assumido a 12 de Novembro pelos ministros da Finanças da Alemanha, França, Itália, Espanha e Reino Unido. Num comunicado conjunto, estes países afirmavam que "qualquer mecanismo iria apenas entrar em vigor a partir de meados de 2013".
O que a chanceler alemã propõe é que em caso de resgate de uma determinada economia os investidores recebam, na maturidade (10 anos, por exemplo), um valor nominal inferior ao preço pelo qual compraram as obrigações e que os respectivos juros anuais sejam pagos ao longo de um prazo mais alargado face à data inicialmente acordada entre o Estado emissor e os obrigacionistas.
As afirmações de Merkel geraram uma forte subida do prémio de risco da dívida (juros) de países como a Irlanda, Portugal, Grécia e Espanha.
"Isso vai afugentar os investidores. Não sabendo se o preço de compra cai, acho que vai fazer com que as pessoas prefiram vender e ir para investimentos mais seguros", refere Filipe Silva, gestor de mercado de dívida do Banco Carregosa.
O gestor de mercado acredita que o principal problema vai ser económico, porque os países correm o risco de ver as suas economias "estagnar" se não conseguirem colocar dívida no mercado.
Os juros da dívida portuguesa atingiram, ontem, novos máximos acima dos 7% para as obrigações do tesouro a 10 anos, o que reforçou os receios de Portugal ser o próximo país, a seguir à Grécia e à Irlanda, a recorrer ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira e ao FMI. Numa sondagem da agência Reuters junto de 50 economistas, 34 admitiram que Portugal vai pedir ajuda internacional. " A nossa banca não tem o nível de endividamento que a da Irlanda tem e o problema de Portugal é o Governo não estar a fazer nada para diminuir a despesa do Estado", adianta Filipe Silva.
O Governo irlandês apresentou, ontem, o "Plano Nacional de Recuperação" para os próximos quatro anos que prevê o despedimento de 24 750 funcionários, cortes na despesa de 15 mil milhões de euros e o aumento dos impostos.