Portugal foi o maior produtor da Europa em 2019 e quer manter liderança. Continua a contratar para o aumento de encomendas.
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As empresas do setor das bicicletas estão em contraciclo com o resto da economia e criaram, depois da pandemia, "cerca de 500 empregos diretos", disse Gil Nadais, secretário-geral da ABIMOTA, associação que representa o setor em Portugal. O crescimento deverá manter-se em 2021, com várias empresas, como a Triangle's e a InCycles a continuarem a contratar.
No ano passado, só os associados da Abimota (representam 80% do total no país) empregavam 1900 pessoas de forma direta e eram responsáveis por 5900 empregos indiretos. Este ano, o setor continuou a crescer e, "depois da pandemia, registou um forte incremento", que é acompanhado de mais emprego, explicou o responsável da Abimota. Além das empresas procurarem mão de obra para responder a novas encomendas, mantêm-se vários investimentos anteriores à covid-19. Exemplo disso, apontou, é uma "fábrica de quadros em carbono, em Vouzela", que irá começar a laborar nos próximos dias.
Exportamos 402 milhões
No ano passado, o país tornou-se o maior produtor de bicicletas na União Europeia (UE), ao fabricar 2,7 milhões de unidades, cerca de um quarto de toda a produção dos 27 estados-membros. Os dados do Eurostat colocam Portugal à frente da Itália (2,1 milhões e líder em 2018) e da Alemanha (1,5 milhões). A passagem à liderança do pelotão foi possível devido à subida de 42% na produção, entre 2018 e 2019, ou seja, mais 736 mil bicicletas. No ano passado, as exportações lusas de bicicletas, bicicletas elétricas e componentes cifraram-se em 402,9 milhões de euros, mais 22,5% do que no ano anterior. Dados expressivos que levaram o jornal francês "Le Monde" a destacar o feito.
Este ano, acredita Gil Nadais, Portugal não deverá perder a "camisola amarela". "Embora muitas empresas tenham parado uns meses no início da pandemia, em agosto, em termos homólogos, estávamos a alcançar a produção do ano anterior. Estou convicto de que, até ao final do ano, iremos ultrapassar em muito as exportações do ano passado" e "manter a liderança", adiantou.
A grande concentração de empresas é em Águeda, mas as duas rodas já se espraiam "desde Braga a Vila Franca de Xira", acrescenta aquele responsável.
O presidente da Câmara de Águeda, Jorge Almeida, congratula-se por ser o epicentro das duas rodas, mas realça que o município tem procurado "diversificar" o tecido económico para melhor "resistir a crises".