Prémio Nobel da Economia foi atribuído aos norte-americanos Elinor Ostrom e Oliver Williamson.
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Para o economista português João César das Neves, a escolha dos norte-americanos Elinor Ostrom e Oliver Williamson é um prémio aos sistemas de controlo interno das empresas, num período de reacção à crise.
"É um prémio dado pela Academia Sueca à empresa, à governance e tem a ver com a crise internacional. Trata-se de premiar o controlo interno da empresa, a sua organização e o seu funcionamento, numa tentativa de reacção à crise", considerou César das Neves, da Universidade Católica, à Agência Lusa.
A primeira mulher a receber o Nobel da Economia
A Academia das Ciências sueca atribui o Nobel a Elinor Ostrom, a primeira mulher a receber o prémio, "graças à análise da governação económica" relacionada sobretudo com a gestão de bens de propriedade comunitária ou geridos por comunidades, nomeadamente recursos naturais.
"Se quisermos pôr um ponto final na degradação do nosso meio ambiente e evitar a repetição dos muito colapsos que as reservas de recursos naturais sofreram no passado, deveríamos aprender com os sucessos e os falhanços dos regimes de propriedade comunitária", considerou o júri do Prémio Nobel da Economia, referindo-se ao trabalho de Elinor Ostrom, professora na universidade de Indiana, EUA, nascida em 1933.
Elinor Ostrom partilha o prémio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de 980 mil euros) com Oliver Williamson, também escolhido pela investigação na área da governação, mas neste caso pelo papel das estruturas empresariais.
A análise de Oliver Williamson tenta determinar, por exemplo, os limites das estruturas empresariais e explicar as actividades económicas que decorrem no seio das empresas, numa investigação que tenta ainda perceber as razões da integração vertical nos mercados ou os fundamentos económicos que acabam por fazer as pessoas trabalhar em empresas, em vez de individualmente.
"Segundo a teoria de Williamson, as grandes empresas privadas existem sobretudo porque elas são eficientes. Quando as empresas deixam de conseguir apresentar ganhos de eficiência, a sua própria existência é posta em causa", considerou o júri do Prémio Nobel.
Quer os trabalhos de Elinor Ostrom quer os de Oliver Williamson, professor na Universidade da Califórnia, Berkeley, põem em causa as ideias convencionais na altura em que os académicos começaram a desenvolver as suas investigações.