Portugal vai entrar em quebra no próximo ano, com a economia a contrair-se 0,2%, prevê a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, no relatório sobre as Perspectivas Económicas, divulgado hoje, quinta-feira.
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Apesar do crescimento negativo previsto para 2011, a OCDE estima que Portugal cresça, este ano, 1,5%, acelerando para 1,8% em 2012.
No relatório, divulgado esta manhã em Paris, os técnicos da OCDE afirmam que a economia vai estar "muito fraca" neste e no próximo ano, recuperando para os 1,8% em 2012, já depois de Portugal superar os efeitos recessivos trazidos pela aprovação e implementação das medidas de austeridade.
"Espera-se que a economia esteja muito fraca no resto de 2010 e até 2011, devido à forte consolidação orçamental e ao 'aperto' no acesso ao crédito", segundo o documento, que afirma que "implementar as medidas de consolidação, e corrigir rapidamente quaisquer desvios orçamentais, é essencial para reduzir os custos do financiamento externo, e assim afastar o maior risco da contracção do [acesso ao] crédito".
A previsão do Governo português, expressas no cenário macroeconómico no Relatório de Orientação da Política Orçamental, aponta para um crescimento de 1,5 por cento este ano e de 0,2 por cento no próximo ano, acelerando para os 1,1 por cento em 2012.
Os técnicos da organização com sede em Paris recomendam ainda um novo "enquadramento orçamental" para reforçar a sustentabilidade da recuperação das contas públicas.
A OCDE considera que as medidas de austeridade são adequadas para equilibrar o Orçamento, mas afirma que "a consolidação orçamental teve um início mais lento em Portugal do que em qualquer outro país periférico da zona euro", chegando a escrever que "na primeira metade de 2010 não houve virtualmente redução do défice face a 2009, apesar do bom comportamento da receita".
Assim, a redução do desequilíbrio das contas públicas para os 7,3%, este ano, "só vai ser alcançada com recurso a medidas temporárias, principalmente os 1,5% do PIB recebidos da maior empresa de telecomunicações [a PT] como compensação pela transferência do fundo de pensões para o Estado", prevê a OCDE.
