PCP defende que linha do TGV Lisboa-Poceirão deve avançar "sem mais perdas de tempo"
O PCP exortou hoje, sexta-feira, o Governo a avançar com a construção da linha do TGV entre Lisboa e Poceirão, considerando que seria "ridículo que Portugal tivesse uma linha de alta velocidade a acabar" naquela localidade.
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Em declarações aos jornalistas no Parlamento, o deputado comunista Bruno Dias considerou que a ligação Lisboa-Poceirão da linha transporte de grande velocidade (TGV) é "um projecto indispensável", afirmando ainda que seria "gravíssimo para o desenvolvimento integrado da região e do país que não houvesse a construção da travessia do Tejo Barreiro-Lisboa".
O Governo decidiu anular o concurso público internacional relativo à construção do TGV no troço Lisboa-Poceirão.
Num despacho publicado hoje em Diário da República, o Executivo justifica a decisão com a "significativa e progressiva degradação da conjuntura económica e financeira" de Portugal, situação decorrente da "grave e conhecida crise financeira mundial".
"É imprescindível que esta obra avance sem mais perdas de tempo. É fundamental que o governo clarifique, nesta altura é muito importante que não haja margem para dúvidas sobre o que quer o Governo fazer", disse Bruno Dias, sublinhando que, antes do verão, o Governo afirmou, na Assembleia da República, "que esta é uma obra para avançar".
Para o PCP, "é preciso encarar este processo com objectividade e com firmeza, na exigência de que o investimento público se faça, pelo desenvolvimento do país".
Sobre a oportunidade desta obra na actual conjuntura de crise e da subida dos juros da dívida, Bruno Dias considerou que "tudo depende da estruturação do modelo de financiamento".
"O modelo em parceria público-privada nunca foi bom para o interesse público", sustentou, defendendo que o modelo de financiamento neste projecto "salvaguarde o carácter público da gestão, da exploração e da construção, porque depois a própria receita compensará o investimento público".
"Não pode é servir para compensar lucros privados e interesses de grupos económicos", referiu.
Para o PCP, "a conjuntura internacional é para ter em conta, mas, mais do que isso, o interesse nacional nunca deve ser perdido de vista".