Inquérito mostra que só 17% acreditam no impacto da bazuca. CIP pede mudanças para um plano mais eficaz.
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O Plano de Recuperação e Resiliência não terá significado para cerca de 48% das empresas portuguesas. Pelo menos é essa a convicção dos empresários que responderam ao mais recente inquérito da CIP, o que leva Óscar Gaspar, vice-presidente do Conselho Geral e vogal da Direção da Confederação Empresarial de Portugal, a considerar que "ainda estamos a tempo" de alterar o plano, de modo a "torná-lo mais eficaz e mais próximo das necessidades da economia nacional".
Além disso, este responsável apelou, ainda, a uma rápida aprovação dos planos e implementação. "É uma situação muito difícil de compreender. Estamos em situação pandémica desde março do ano passado, já lá vai mais de um ano, e a verdade é que, por muito que se fale da bazuca europeia e dos apoios, nós vemos os EUA a avançar com apoios à economia e a Europa continua a marcar passo", defendeu. Óscar Gaspar falava na apresentação do 14.º inquérito "Sinais Vitais", um projeto da CIP com o ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, que recolheu 618 respostas, 79% das quais de micro e pequenas empresas e com um grande peso da indústria e energia (39%).
O inquérito mostra, ainda, que 42% das empresas esperam fechar o primeiro semestre de 2021 com uma quebra média de 46% nas vendas, face ao período pré-pandemia. Na verdade, só 10% das empresas esperam conseguir chegar ao final do ano com um nível de atividade semelhante ao verificado antes da covid-19, enquanto 32% das empresas acreditam que só o conseguirão em 2022. Há 19% que apontam para uma recuperação em 2023 e 10% que são ainda mais pessimistas e defendem que tal só acontecerá depois de 2023.
Recursos humanos
Não admira, por isso, que 31% das empresas admitam cortar investimento em 2021 (comparativamente a 2019), número que sobe para 44% no caso das grandes empresas. Quanto aos recursos humanos, 75% dos inquiridos admitem que não vão fazer mexidas, mas há 12% que pretendem diminuir a sua equipa já no próximo trimestre. E, mais uma vez, a percentagem é maior no universo das grandes empresas, já que só 60% destes inquiridos esperam manter o mesmo nível de emprego, enquanto 20% contam despedir.
SINAIS
Desconfinamento
Para 59% dos empresários, o plano de desconfinamento do Governo é adequado; mas, para 20% dos inquiridos é "demasiado lento ou restritivo" e "demasiado rápido ou imprudente" para outros 21%.
Encomendas
Boas notícias. Embora 32% das empresas registem, a 1 de abril, uma diminuição da carteira de encomendas, eram 44% no mês passado. Com mais encomendas há 15%, contra 9% no último inquérito.