Inflação reduziu a 0,6% aumentos registados no rendimento médio líquido desde 2019. Progressão da remuneração mínima beneficiou menos qualificados e regiões mais pobres.
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O poder de compra dos portugueses estagnou nos últimos cinco anos. O salário líquido médio nominal passou de 909 para 1041 euros. No entanto, a inflação absorveu quase toda essa progressão. “O ganho de poder de compra para o rendimento médio mensal líquido entre 2019 e 2023 foi de apenas 0,6%. Ou seja, em média os salários reais estagnaram neste período”, afirma João Cerejeira, professor de Economia na Universidade do Minho.
Embora o rendimento médio a Norte (872,7 euros, valor com inflação descontada) continue a ser inferior ao da Área Metropolitana de Lisboa (1043 euros), os números que constam da base de dados do Instituto Nacional de Estatística devem ser lidos com cautela. “Os ganhos reais acima de 2% [ver infografia] observam-se nas profissões com menores qualificações, fruto dos aumentos expressivos do salário mínimo. Por esse motivo, também se concentram nas regiões com salários médios mais baixos, como são as regiões Norte e Centro e ilhas”, alerta João Cerejeira.