Portugal "não vai pedir mais tempo nem mais dinheiro" mas parceiros estão "disponíveis" para ajudar
O Governo português não vai pedir mais auxílio financeiro nem mais tempo para cumprir os seus objetivos orçamentais, mas há "disponibilidade" dos parceiros internacionais para ajudar em caso de "condições fora do controlo", disse, esta terça-feira, o ministro das Finanças.
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Questionado numa conferência de imprensa em Lisboa sobre a possibilidade de a 'troika' flexibilizar os objetivos orçamentais que Portugal tem de cumprir, ou de negociar um aumento da assistência financeira, Vítor Gaspar começou a sua resposta de forma taxativa: "No quadro da terceira avaliação regular [do programa de assistência], não houve qualquer novidade. Não há do Governo português qualquer sinalização que não seja a de cumprir o programa de acordo com os seus limites quantitativos e com os seus prazos".
"Volto a repetir: o programa do ponto de vista português é para cumprir. Os limites, os montantes, os objetivos e os prazos fazem parte de um contrato que estamos obrigados a cumprir", afirmou Gaspar.
No entanto, o ministro das Finanças acrescentou que tem havido uma "repetida manifestação dos parceiros internacionais de uma disponibilidade para prestar o apoio necessário se, por condições fora do controlo, houver dificuldades no processo de regresso [de Portugal] aos mercado".
Essa "disponibilidade", contudo, "é condicional estritamente ao cumprimento das condições do programa", afirmou Gaspar.
"A assistência adicional dos nossos parceiros internacionais que possa justificar-se por dificuldades no regresso aos mercados é condicional ao cumprimento destes parâmetros. Está completamente fora de causa que Portugal tome qualquer iniciativa neste sentido", continuou o ministro. "A especulação a esse respeito é, a meu ver, contraproducente."
O ministro das Finanças anunciou hoje que a terceira avaliação do programa de ajuda a Portugal foi positiva e que a 'troika' aprovou, assim, uma nova tranche de 14,6 mil milhões de euros.
Vítor Gaspar adiantou ainda que o Governo reviu em baixa a previsão de crescimento para 2012, prevendo agora uma contração de 3,3 por cento, tal como as mais recentes previsões da Comissão Europeia. Na proposta de Orçamento do Estado para 2012, o Governo previa uma contração da economia de 2,8 por cento.
O governante acrescentou ainda que a taxa de desemprego vai atingir os 14,5 por cento em 2012 e que diminuirá "apenas ligeiramente" em 2013. A média prevista no Orçamento de Estado para 2012 era de 13,4 por cento, sendo que no quarto trimestre de 2011 a taxa de desemprego já tinha atingido os 14 por cento, segundo o Instituto Nacional de Estatística.
Vítor Gaspar disse ainda que o Governo vai avançar com o pagamento de 1.500 milhões de euros em dívidas do setor da saúde, que deverá ser possível já a partir de abril.