O empresário Joe Berardo defende que Portugal "precisa da América do Sul nas comunicações para desenvolver uma empresa internacional nesta área" e diz que o problema da "golden share" na PT é o Governo querer intervir no mercado.
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Em entrevista à agência Lusa, o comendador considerou que se Portugal não apostar neste projecto, pode "daqui a dias não ser nada", sublinhando que "em todo o mundo existem 'golden shares' de vários tipos, mas estas não podem é ser manipuladas pelo governo".
"O problema não é a golden share, mas o Governo ter a 'golden share' e intervir no mercado", aponta.
O empresário realça que as pessoas desconheciam que "o Governo ia ter a coragem" de usar este mecanismo no negócio da Vivo, "quando tinha sido avisado em Bruxelas que essa acção estava contestada", disse Berardo, sustentando, ainda assim, que este processo "vai chegar a bom porto tanto pela parte do Governo espanhol, como do Executivo português".
Recorda que "tentou comprar a golden share da PT por 200 milhões de euros" em 2007, "aquando da ofertas pública de aquisição (OPA) de Belmiro de Azevedo".
"Não me quiseram vender e agora vão perder o direito daquela acção e serão mais 200 milhões que Governo podia ter arrecadado e não o fez. Vai perdê-las e não tem valor nenhum", adianta.
Berardo afirma que esta situação é "uma desgraça, porque também está lá, está a perder muito dinheiro", mencionando que "tentou vender ao preço que os accionistas grandes venderam, mas agora os accionistas pequenos ficaram pendurados".
"Penso que o Governo não vai permitir que aconteça o mesmo que aconteceu com a Cimpor, que era uma bandeira de Portugal, um empresa internacional, que deixou de ser portuguesa", refere.
Destaca que a Cimpor, presentemente, "tem dois accionistas brasileiros, que detêm mais de 60 por cento do capital e coitados dos accionistas pequenos, [que] ficaram todos pendurados, enquanto que os grandes disseram adeus, ficaram ricos, e o capital ficou na mão dos estrangeiros".
"É inadmissível o que aconteceu na Cimpor, também foi manipulada pelo Governo nessa altura. Espero que esta interferência do Governo não deixe os pequenos accionistas pendurados", sublinhou.
Considera que todo este processo da PT "foi uma manipulação" porque ainda recentemente, em maio deste ano, "andaram a promover em Nova Iorque as 20 maiores empresas e agora surge esta situação".
Sobre o seu interesse em outras privatizações que possam acontecer em Portugal, casos da GALP e EDP, Joe Berardo admite que vai "estudar o mercado".