Presidente do Bundesbank céptico quanto a planos de Berlim e Bruxelas para salvar moeda única
O presidente do banco central alemão, Jens Weidmann, mostrou-se hoje céptico em relação aos planos de Bruxelas e Berlim para salvar o euro, nomeadamente a participação de credores privados num novo programa de ajuda financeira à Grécia.
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Em entrevista ao semanário Die Zeit, o ex-conselheiro económico da chanceler Angela Merkel considerou "problemática" a participação de bancos e seguradoras no novo pacote para Atenas, solução reiterada na segunda feira pelos ministros das finanças do eurogrupo.
Weidmann pronunciou-se ainda contra a redução dos juros dos resgates europeus e do FMI à Grécia, Irlanda e Portugal sugerida na última reunião do eurogrupo.
O chefe do Bundesbank recusou também uma eventual compra de títulos da dívida pública dos mesmos países através do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), eventualmente a ser equacionada pelos ministros das finanças dos Estados da moeda única.
"Isso teria altos custos, pouco proveito, e perigosos efeitos colaterais", advertiu Weidmann.
O banqueiro alemão exortou ainda a Europa a estar preparada para o caso de a Grécia falir, sublinhando que os governos da zona euro "têm de ter um plano para conter o risco de efeitos de contágio, se o programa de apoio à Grécia falhar".
Já quanto à Itália, mostrou-se confiante de que a terceira maior economia da UE conseguirá controlar as contas públicas.
Weidmann considerou ainda "em parte justas" as críticas às grandes agências de "rating", mas advertiu que tais críticas "não devem desviar as atenções do problema principal, porque as notações espelham problemas reais" dos países afectados.
"Esses problemas e as hesitações que há, por vezes, na sua resolução, preocupam-me muito mais do que as notas atribuídas pelas agências de 'rating'", sublinhou o presidente do Bundesbank.