O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, recusou, esta sexta-feira, "os ultimatos e a chantagem" a que considera estar a ser sujeito pelos seus parceiros europeus, denunciando a pressão a que se sente submetido para aceitar um acordo.
Corpo do artigo
A Europa, salientou, "não foi fundada sob chantagem e ultimatos. Especialmente nestas horas cruciais, ninguém tem o direito de colocar em perigo estes princípios".
Tsipras falava em conferência de imprensa no final do Conselho Europeu, dominado pelo problema financeiro da Grécia, apesar de este não estar na agenda oficial.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, também em conferência de imprensa, negou que tenha sido feito qualquer ultimato à Grécia.
Na reunião de sábado [do Eurogrupo] iremos tentar aproximar posições, o que não vai ser fácil. Quem está a fazer chantagem com quem?", questionou.
"É antieuropeu dar ao povo grego a impressão de que houve um ultimato e é antieuropeu não dar ouvidos aos outros", considerou ainda Juncker, sublinhando que o que está em causa é o povo grego e não o seu Governo.
Por seu lado, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, reconheceu haver pressão sobre o primeiro-ministro grego, mas que esta se deve ao "esgotar do tempo".
"Estamos a três dias do fim do jogo, não é chantagem política, é um facto, terça-feira é um dia crítico para a Grécia se não houver um acordo com os credores", acrescentou Tusk.
A próxima reunião do Eurogrupo foi antecipada para as 14:00 (13:00 de Lisboa) de sábado, segundo fonte oficial.
Este novo encontro dos ministros das Finanças da zona euro - o quarto na mesma semana e o quinto em dez dias - tem como objetivo chegar a um acordo com a Grécia quanto às medidas a adotar pelo país e acontece a três dias do final do prazo para Atenas pagar cerca de 1,6 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Segundo fontes diplomáticas, se houver acordo e se o parlamento grego passar as medidas domingo ou segunda-feira, serão desbloqueados imediatamente para a Grécia 1.800 milhões de euros de lucros que o Banco Central Europeu (BCE) fez com a dívida pública helénica, a tempo de Atenas pagar o dinheiro devido ao FMI, cujo prazo termina a 30 de junho, na terça-feira.
A proposta dos credores passa ainda por mais financiamento até novembro, mês até ao qual deverá ser estendido o atual programa de resgate.
No total, poderão ir para os cofres helénicos 15,5 mil milhões de euros nos próximos cinco meses, para fazer face às obrigações financeiras para com o FMI e o BCE, mas sendo a libertação desse dinheiro - que irá ser feita por tranches - sempre condicionada à execução das medidas eventualmente acordadas.