O PS apelou, esta sexta-feira, ao presidente da República para que "colabore" com a comissão parlamentar de inquérito, esclarecendo o teor das reuniões que teve com Ricardo Salgado, mas avisou que o ex-líder do BES também tem de explicar porque é que só agora revela que teve duas reuniões com Cavaco Silva, quando antes falou apenas de uma.
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"O doutor Ricardo Salgado tem de explicar porque é que não deu esta informação da primeira vez que cá esteve", disse Pedro Nuno Santos, deputado do PS, numa declaração na Assembleia da República, avisando Salgado que "não contará com o PS para desviar as atenções de si próprio e das responsabilidades em todo este processo".
O PS considera que Salgado tem de explicar porque é que só agora, numa carta enviada à comissão, revela que teve duas reuniões com Cavaco Silva - uma a 31 de março e outra a 6 de maio de 2014 -, quando na audição na comissão de inquérito falou apenas numa. "E tem de dizer também porque é que, tendo sabido que não iria haver correspondência aos seus apelos, nomeadamente ao financiamento do GES, porque é que permitiu que o aumento de capital se processasse, num momento em que já sabia que, muito provavelmente, a solução não teria sucesso e poderia acontecer aquilo que, infelizmente veio a acontecer, que foi os investidores perderem tudo o que investiram em junho", disse Pedro Nuno Santos.
Além das perguntas ao presidente da República, que também o PCP e o BE pretendem entregar, o deputado do PS anunciou que vão pedir um depoimento escrito ao primeiro-ministro, na medida em que Passos Coelho teve uma reunião com Salgado no dia 14 de maio.
Este apelo do PS à colaboração de Cavaco surge depois de o presidente da República ter dito, esta manhã, que não tem quaisquer esclarecimentos a dar à comissão de inquérito, insistindo que a matéria que trata nas audiências que concede está sob "reserva". Pedro Nuno Santos lembrou que se está perante "matéria de relevantíssimo interesse nacional" e que o depoimento de Cavaco - bem como o do vice-primeiro ministro, Paulo Portas, e do primeiro-ministro, Passos Coelho - é "importantíssimo para o apuramento da verdade".