Entre os mais jovens, até aos 44 anos, o nível de emprego continuou em queda em 2021. Já a população empregada após os 65 anos aumentou 19%.
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O mercado de trabalho envelheceu após a chegada da pandemia, e os trabalhadores com mais de 44 anos passaram a representar mais de metade da população empregada. A recuperação de postos de trabalho após as quedas de 2020 viveu no último ano da contratação de trabalhadores mais velhos, com os mais novos a aprofundarem perdas no que toca à participação no trabalho.
Segundo os dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística, o ano de 2021 somou, em estimativa média anual, mais 128,6 mil postos de trabalho que um ano antes. Foram mais 2,7%. O total da população empregada, superior a 4,8 milhões de indivíduos, representa agora o ponto mais alto registado desde 2011 e também uma retoma no ciclo de subidas de emprego iniciado em 2014.
Mas esta melhoria não representou oportunidades para todos. Entre os mais jovens prosseguiram as quedas. Até aos 44 anos, o emprego caiu ainda 0,8%, com menos 19,6 mil indivíduos a trabalhar. E o peso dos trabalhadores nestas idades reduziu-se, passando a representar apenas 49% da população empregada, rente aos 2,4 milhões de indivíduos.
A maior redução, em termos absolutos, ocorreu entre os 25 e 34 anos, com menos 11 mil postos de trabalho ocupados, numa descida de 1,2% para 888,5 mil trabalhadores. Dos 16 aos 24 anos (a classificação de jovens) a perda foi ainda de seis mil empregos face a um ano antes (menos 2,3%), para 249,8 mil indivíduos. Já dos 35 aos 44 anos, houve menos 2,6 mil pessoas a trabalhar, ou menos 0,2%, para um número ainda acima de 1,2 milhões.
Em sentido posto, aumentaram os trabalhadores mais velhos, cuja contratação foi a grande contribuinte para a subida líquida do emprego. Aqueles que têm mais de 44 anos passaram a representar 51% da população empregada (49% um ano antes), invertendo posições com os mais novos.
190 mil acima de 65 anos
O principal contributo para a subida no emprego foi dado pelo aumento de postos de trabalho ocupados por quem tem entre 55 e 64 anos. Foram mais 70,5 mil (mais 8,4%) face a 2020, passando a 910,2 mil. Também o emprego dos 45 aos 54 anos somou mais 47,2 mil trabalhadores, sendo mais 3,7%, numa subida para um pouco mais de 1,3 milhões de indivíduos.
Em termos relativos, porém, destaca-se o acentuado crescimento do número daqueles que, após os 65 anos, se mantêm a trabalhar. Foram mais 30,5 mil no último ano, disparando 19,2% para um total de 189,7 mil trabalhadores.
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Desemprego cai
O INE estima uma média anual de 338,8 mil pessoas desempregadas no ano passado, com a taxa de desemprego a cair 0,4 pontos percentuais para 6,6%, face à taxa de 2020.
Menos precários
A contratação sem termo teve no ano passado um reforço de 80,1 mil postos de trabalho, com a contratação a prazo e de outras tipologias a contar com menos 9 mil e 14,2 mil trabalhadores, respetivamente.
Mais diplomados
A contratação de trabalhadores com ensino superior deu o grande impulso na subida de emprego em 2021. Foram mais 200,8 mil, com o total a superar já 1,6 milhões. A percentagem de diplomados passou de 31% para 34%.