O ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes disse hoje, terça-feira, à Lusa que se estivesse no Governo accionaria a "golden share" do Estado na PT para impedir a compra da Vivo "nem que a Telefónica oferecesse dez vezes mais".
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Contactado pela agência Lusa, o ex-presidente do PSD disse ser "absolutamente favorável à decisão do Governo" e acrescentou que ficou "muito satisfeito de ver a convergência institucional entre Governo e presidente da República nesta matéria".
Pelo contrário, na semana passada o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, manifestou-se contra a utilização da "golden share" do accionista Estado na PT, por entender que o Estado não deveria dispor destes poderes especiais em nenhuma empresa.
"O Governo deveria alienar a 'golden share' na PT, e de resto em outras empresas. Não deve haver 'golden shares'", defendeu Passos Coelho, lembrando que esta é a sua posição de princípio.
De acordo com Pedro Santana Lopes, "aqueles que defendem que o Estado não deve ter interesses estratégicos, então que defendam o fim do Estado". "Se não é na área das telecomunicações, e na energia, que o Estado tem interesses estratégicos, em que área é?", questionou.
Referindo que "algumas pessoas têm tanta dificuldade em perceber o interesse estratégico da PT na Vivo", o ex-primeiro-ministro apontou: "Espanha sabe muito bem o interesse estratégico da Vivo".
"Pelas funções que eu, como outros, já desempenhei, talvez tivesse mais condições para avaliar o quão importante é exercer aqueles direitos", considerou, em seguida.
Pedro Santana Lopes concluiu que se estivesse no lugar do primeiro-ministro, José Sócrates, "nem hesitaria" em accionar a "golden share" do Estado na PT: "Nem que a Telefónica oferecesse dez vezes mais. É uma questão de interesse vital do Estado".