Utilização efetiva diminuiu devido ao confinamento e à suspensão de alguns serviços durante meses, diminuindo o risco e os custos das seguradoras.
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As companhias venderam 737,5 milhões de euros em seguros de saúde entre setembro de 2019 e o mesmo mês deste ano, um aumento de 113,9 milhões de euros (8,9%). A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) estimava, em maio, que 2,5 milhões detinham este tipo de produto, tendo o valor subido para 3,1 milhões em setembro, um crescimento de 600 mil subscritores em quatro meses.
De acordo com o relatório trimestral da ASF, o panorama geral das vendas de seguros em Portugal em setembro encolheu 22,9% face ao homólogo do ano passado. No global, os custos com a utilização por parte dos clientes aumentaram 15,4%. No entanto, tal não sucedeu no caso dos seguros de saúde, em que os custos variaram apenas 1,4%, ficando apenas 6,5 milhões de euros acima do valor do ano passado. Com o aumento das vendas, o rácio entre os prémios de seguros de saúde cobrados e os custos com a sua utilização desceu 4,7 pontos percentuais, para 63,7%.
A ASF interpreta esta economia das seguradoras como sendo resultado dos "efeitos temporários do período de confinamento", em que as pessoas não recorreram aos serviços de saúde por receio ou tiveram cuidados de saúde adiados como medida de precaução contra a covid-19. Contudo, com a reabertura dos cuidados de saúde dos prestadores privados, a expectativa é de que os custos das seguradoras subam neste segmento nos próximos anos.
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Custos adiados
De acordo com a Aon, uma consultora multinacional especializada em riscos, a menor utilização dos seguros de saúde durante este ano deverá corresponder a um desconto no próximo ano, correspondente à diminuição do risco. Será de esperar um "ajustamento dos prémios de seguro à redução do consumo em consequência das medidas de confinamento que implicaram a restrição de circulação de pessoas e o encerramento de alguns estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde (além do receio que algumas pessoas sentiram em regressar a estes espaços, pela perceção de maior risco de contágio)".
Rita Silva, senior associate da Aon Portugal, refere, contudo, que "as empresas preveem que a utilização destes planos retome os seus níveis normais no próximo ano, acompanhando a gradual retoma das atividades económicas". Será de esperar "um efeito de desfasamento até com potencial agravamento: diagnósticos que não foram feitos atempadamente, tratamentos que foram adiados, intervenções menos urgentes que ficaram em "stand by" e que, inevitavelmente, terão impacto no aumento dos custos em saúde no futuro".
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Vida a cair 42,9%
A venda de seguros do ramo Vida diminuiu 42,9% em setembro face ao homólogo de 2019, enquanto os custos com a utilização subiram 24,2%. A quebra deve-se a -68,6% na venda de Planos Poupança Reforma.
Trabalho seguro
O rácio custos com sinistros/prémios brutos emitidos (+4,2%) com acidentes de trabalho diminuiu 7,9 pontos percentuais para 73,2%.
Sinistralidade desce
Segundo a ASF, as taxas de sinistralidade diminuíram mais em setembro, nos segmentos automóvel e acidentes de trabalho. No sentido inverso, aumentaram 35,2% no segmento Incêndio e Outros Danos.