Na véspera de ser anunciado o plano do desconfinamento, os vários setores económicos paralisados desde 13 de janeiro aumentam a pressão sobre o Governo para retomarem a atividade. Restauração, cabeleireiros e estúdios de tatuagem, ginásios e escolas de condução pedem a reabertura este mês. As empresas de casamentos preveem começar a operar em abril e querem avançar com a realização de testes aos convidados. Já os bares e discotecas, encerrados há um ano, acenam com medidas para poderem vislumbrar uma luz ao fundo do túnel. Mas o futuro ainda está cheio de incertezas.
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Cumprem-se esta quarta-feira 55 dias desde que fecharam as portas e querem estar na primeira fase do plano de desconfinamento que amanhã é comunicado país. A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) propõe começar a reabrir as atividades económicas na próxima semana.
Para o presidente, João Vieira Lopes, deve ser seguida a mesma linha de atuação do ano passado, com a reabertura dos estabelecimentos de forma faseada, consoante a dimensão, com as mesmas regras de funcionamento em pandemia. A CCP defende que os cabeleireiros e barbeiros devem estar entre os prioritários. E que na restauração o desconfinamento comece pelos espaços com esplanadas
Cabeleireiros e tatuadores
"Estamos por um fio" é o movimento que pede a reabertura das barbearias, cabeleireiros e salões de beleza desde o início do mês. "São comprovadamente, espaços seguros", garantem. A Associação dos Cabeleireiros de Portugal diz não entender o porquê de o setor ter sido considerado não essencial, "pois não se conhece nenhum surto que tivesse tido origem num destes espaços". Hoje debate-se com um problema de "concorrência desleal" por parte de profissionais que exercem a atividade ao domicílio, como foi denunciado por outra associação.
Os estúdios de tatuagem querem voltar a laborar na mesma altura. "Se há setor que oferece segurança e higiene é o nosso. Todas as regras e práticas impostas aos cabeleireiros no ano passado, nós já as seguíamos. Só acrescentámos a máscara", sublinha Ricardo Pires, da Associação Portuguesa de Profissionais de Tattoo e Bodypiercing.
Ginásios
O setor do fitness também quer estar na linha da frente do desconfinamento, "seguindo as mesmas orientações da diretiva da Direção-Geral da Saúde do ano passado". Quando foi adotada, "nunca houve focos de infeção em nenhum ginásio, porque é um local seguro e essencial para a saúde e o equilíbrio físico, psíquico e emocional das pessoas", refere José Carlos Reis, da Associação de Empresas de Ginásios e Academias de Portugal.
Escolas de condução
Há mais de 28 mil alunos à espera de fazer exame de condução e perto de 100 mil sem poder ter aulas. O presidente da Associação Nacional dos Industriais do Ensino de Condução Automóvel defende que estas escolas devem ser tratadas como qualquer outro estabelecimento de ensino, pelo que devem regressar à atividade ao mesmo tempo. Fernando Santos garante que aqui também "nunca foi detetado um surto, as regras de segurança são seguidas à risca" e alerta que "há escolas de condução que não vão conseguir reabrir após a pandemia".
Casamentos
O movimento das empresas do setor dos casamentos (MEC) espera poder começar a atividade a partir de meados de abril, de forma progressiva, até ao final de maio. E propõe ser parte ativa na testagem à população. "A realização de testes, ou demonstração de testes negativos a menos de 72 ou 24 horas dos eventos" será requisito para a realização dos casamentos. "Isso far-se-á, recorrendo aos testes rápidos de antigénio ou saliva", explica Jorge Ferreira, do MESC.
As empresas propõem ainda recolher os contactos telefónicos de todos os convidados e, em caso de surto, comunicar diretamente à DGS.
Bares e discotecas
Foram os primeiros a apagar a luz e não mais voltaram a acendê-la. Alguns bares ainda puderam abrir, sem pista de dança, funcionando como pastelarias e cafés, conforme a orientação do Governo. "Adaptámos os espaços, gastámos milhares de euros e, passado um mês e meio, tivemos que fechar. Foi um tiro no pé", lamenta Hugo Cardoso, da Associação Bares, Discotecas e Animadores.
O presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto tem preparado um plano com um conjunto medidas para uma reabertura em segurança. "O que só poderá acontecer com um parecer da DGS, que terá que ser elaborado após visita in loco, por elementos das autoridades de saúde do local aos estabelecimentos que tenham formalizado um pedido", explica António Fonseca.