Entrevista ao ministro do Trabalho em 1988, a propósito da única greve que uniu a CGTP e a UGT
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Quais foram os motivos da greve geral de 1988?
Foi a reforma da legislação laboral que fiz e que foi muito contestada. Curiosamente, algumas das medidas propostas na altura entraram agora em vigor e foram adoptadas pelo PS. E até foram mais longe do que a proposta inicial. Na altura, uma das ideias que defendi é que vinha aí o tempo em não havia emprego para toda a vida. A reforma previa, entre outras alterações, no despedimento por justa causa e mexidas nas normas em situações de greve. Na altura, estava instituído que ninguém podia mexer na lei laboral.
Que impacto teve a greve?
O Tribunal Constitucional chumbou a primeira tentativa que fiz de proposta de reforma laboral. Mas voltei à carga e a lei acabou por passar, e sem grandes contestações.
Os protestos paralisaram o país?
Não foi uma greve geral a 100%. Lembro-me que falei com o primeiro-ministro que estava a tomar o pequeno-almoço no Porto e de tudo estar a funcionar normalmente.
A greve marcada para 24 de Novembro justifica-se?
Esta greve não tem nada a ver com a de 1988, que se prendia com a reforma da legislação laboral. Tem a ver com um conjunto de medidas que não são simpáticas. Ninguém gosta deste tipo de medidas mas é preciso apertar o cinto. A situação é de tal maneira grave que é preciso cortar neste tipo de questões para tentar que os nossos credores tenham confiança no país.