Sindicalista apelam à greve e dizem que trabalhadores têm menos direitos do que há 20 anos
Fátima Messias e José Manuel Oliveira iniciaram-se no sindicalismo na década de 1980, mas agora, mais de 20 anos depois, veem um "retrocesso social" que só poderá ser travado pelos trabalhadores, em defesa dos direitos outrora conquistados.
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Em declarações à agência Lusa, José Manuel Oliveira, coordenador da FECTRANS - Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, diz que nunca como agora os sindicatos foram tão necessários.
"Estamos a viver um momento de reafirmação do sindicalismo: hoje colocam-se novos problemas, novos desafios e também novas exigências aos sindicalistas. Enquanto há dez anos aquilo que se colocava aos trabalhadores era melhorar o que tinham, hoje o que se coloca é defender aquilo que têm", explica.
Fátima Messias, coordenadora da FEVICOM - Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro, não tem dúvidas: há 20 anos, "havia mais respeito pelo direito na negociação da contratação coletiva, os trabalhadores e os seus sindicatos tinham resultados mais imediatos porque a lei era de longe mais respeitadora dos direitos dos trabalhadores".
A responsável considera que, entre 1985 e 2012, se agravaram as leis do trabalho, os vínculos laborais precários e a ineficácia da Autoridade para as Condições do Trabalho. A isto acresce uma justiça morosa e cara.
Fátima Messias fala de "retrocesso social" mas entende que este é um processo que "irá até onde os trabalhadores e os desempregados permitirem que vá", uma vez que "é impossível que esta exploração continue a caminhar sem que - mais cedo ou mais tarde - a própria exploração cause protesto, resistência e lutas cada vez maiores".
O que esperam os sindicatos alcançar com a greve geral de quinta-feira, convocada pela CGTP?
Fátima Messias diz que este protesto acontece no momento certo e pelas razões certas, já que estão em discussão as alterações à lei do trabalho no parlamento. Mas mais do que isso, a sindicalista defende que "esta greve marca um tempo, marca uma posição e marca também uma determinação para o futuro: os trabalhadores vão continuar sempre a resistir".
Para Fátima Messias, é com greves gerais que se impedem novas perdas de direitos laborais e garante que vão ser feitas "todas as [greves] que forem necessárias para pôr areia nesta engrenagem de retrocesso social".
"Essa maioria absoluta, ainda há pouco tempo, jurava a pés juntos que tinha de haver um aumento do horário de trabalho de meia hora por dia e que isso era absolutamente indispensável. Na altura, já antes da greve geral de novembro, a palavra de ordem da CGTP era 'a meia hora não passará' e não passou. É claro que se perdem e ganham batalhas mas não podemos deixar de as travar todas", garante.