O presidente do Sindicato da Construção de Portugal acusou, esta quarta-feira, o ministro da Economia de ser "insensível e incompetente", alertando para a possível "revolta social" motivada pelo desaparecimento de mais 40 mil postos de trabalho.
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"Quarenta mil postos de trabalho podem desaparecer até ao fim do ano. E aí podemos assistir à revolta social dos trabalhadores do setor. Desafio o ministro da Economia a parar mesmo as obras da Parque Escolar e a assistir à revolta dos trabalhadores da construção civil", afirmou Albano Ribeiro, em declarações à Lusa.
O presidente do Sindicado da Construção de Portugal (SCP) referia-se à intenção anunciada há meses pelo Governo de travar as obras da empresa criada para gerir as obras de requalificação de escolas por todo o país.
De acordo com o sindicalista, as empreitadas nas escolas envolvem "cerca de 1200 empresas e entre sete e dez mil trabalhadores".
"Temos um ministro do Emprego insensível e incompetente. Há dias ele disse que ia dar uma volta a Portugal. Eu desafio-o a dar uma volta ao país real comigo, para ver a volta que o país deu", sublinhou.
Referindo que "a Edifer vai despedir mais 200 trabalhadores", Albano Ribeiro anunciou que na próxima semana irá reunir com o presidente da Confederação Portuguesa da Construção e Imobiliária, Reis Campos, para "tomar uma decisão em relação ao setor".
"Temos medidas para reverter a situação e vamos anunciá-las depois da reunião", adiantou.
Alertando que os trabalhadores do setor "são os que mais estão a recorrer à ajuda social", Albano Ribeiro recordou a paragem das obras no túnel do Marão, que coloca em causa "1400 postos de trabalho".
Sobre esta matéria, o responsável anunciou que irá tentar reunir com "os deputados eleitos pelo círculo do Porto e com os presidentes das Câmaras de Vila Real e Amarante".
A 27 de junho de 2011 e pela terceira vez desde o início da empreitada no verão de 2009, as obras na autoestrada do Marão foram suspensas, com a indicação de que os trabalhos seriam retomados "passados 60 dias".
Esta autoestrada, que inclui o maior túnel rodoviário da Península Ibérica, tinha um custo inicial estimado de 350 milhões de euros, em pico de obra chegou a dar emprego a 1400 trabalhadores e a envolver cerca de 90 pequenas empresas.