A Standard & Poor's cortou esta sexta-feira o 'rating' de Portugal em dois níveis, de BBB- para BB, passando assim a nota para um nível já considerado 'lixo' ('junk'), tal como o havia feito a Moody's e a Fitch.
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Com o corte anunciado esta sexta-feira, a dívida soberana de Portugal fica assim listada fora da escala de investimento pelas três principais agências de 'rating'.
Para além de Portugal, França e Áustria sofreram um corte de um nível, perdendo o seu estatuto de países com 'rating' máximo de todas as agências.
Tal como Portugal, Espanha, Itália e Chipre sofrem um corte em dois níveis, enquanto a Eslováquia, Malta e Eslovénia sofrem um corte em um nível.
Ao todo, a Standard & Poor's desceu esta sexta-feira o 'rating' a 9 países da zona euro.
A agência explica o corte com a opinião de que as decisões tomadas pelos líderes europeus nas últimas semanas "podem ser insuficientes" para responder aos problemas sistémicos na zona euro.
A Standard & Poor's havia colocado Portugal, juntamente com outros 14 países, em revisão para possível corte a 5 de Dezembro, dando cinco principais razões para a decisão: deterioração das condições de crédito, prémios de risco mais elevados, desentendimentos entre os líderes da zona euro, elevados níveis de endividamento dos Estados e das famílias, aumento do risco de recessão na região este ano.
O Chipre que esta sexta-feira também sofre um corte já havia sido colocado em revisão para possível corte anteriormente.
Com este corte, os bancos que tenham nas suas carteiras dívida soberana portuguesa ficam novamente dependentes da agência canadiana DBRS, que mantém ainda a notação financeira de Portugal em BBB (último nível antes de ser considerada 'lixo'), para manter o valor destes títulos em operações de cedência de liquidez do Banco Central Europeu.
Caso a agência canadiana corte mais a nota atribuída à dívida portuguesa, as obrigações portuguesas que são utilizadas como activos de garantia (colaterais) passam a valer menos como garantia, tendo os seus utilizadores de providenciar mais activos ou mesmo de cobrir a diferença em dinheiro junto do Banco Central Europeu, que considera a melhor das notas das quatro agências.
No entanto, as exigências de novas garantias ou mesmo de dinheiro para cobrir a desvalorização implícita com um corte de 'rating' - ou outras consequências - depende do que está fixado em cada contrato, devendo existir consequências diretas do corte do 'rating'.
Bélgica, Estónia, Finlândia, Alemanha, Luxemburgo, Irlanda e Holanda não sofrem qualquer corte, enquanto a Grécia já estava em nível considerado 'lixo' e por isso não sofreu novo corte.