O presidente executivo da PT afirmou hoje, quarta-feira, que caso a Telefónica lance uma Oferta Pública de Aquisição sobre a operadora, a empresa tem todas as condições para estar à altura do desafio. "Não subestimem a PT", diz Zeinal Bava.
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A Telefónica não descarta lançar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a PT, ainda que não tenha tomado qualquer decisão sobre essa eventualidade, segundo informação prestada pela operadora espanhola à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Na sua resposta a um pedido de esclarecimentos da CMVM, a Telefónica explica que actualmente "não decidiu o lançamento de uma OPA sobre qualquer valor emitido pela Portugal Telecom".
Ainda assim, e não invalidando o ponto anterior, acrescenta que não descarta, nas actuais circunstâncias, "qualquer alternativa possível", incluindo o lançamento de uma OPA.
Todas as decisões sobre esta matéria, insiste a Telefónica, "tomar-se-ão de acordo com a legislação vigente aplicável".
A CMVM solicitou que a Telefónica prestasse "esclarecimentos ao mercado sobre as declarações proferidas pelo seu director financeiro, Santiago Fernandez Valbuena, ao jornal “Financial Times”, em que este refere não estar afastada a hipótese de lançamento de uma OPA hostil sobre a Portugal Telecom pela Telefónica".
De olho na Vivo
A operadora de telecomunicações espanhola iniciou uma digressão por Frankfurt, Londres e Nova Iorque, para persuadir os principais investidores internacionais da PT a apoiarem a sua oferta para compra da posição portuguesa na brasileira Vivo.
No início do mês, a equipa de gestão da PT, liderada por Zeinal Bava, rejeitou a oferta de 5,7 mil milhões de euros pela posição de 31,8% que detém na operadora móvel brasileira, estragando os planos da companhia espanhola de aumentar a sua posição no gigante sul-americano.
Agora, os responsáveis da Telefónica vão iniciar uma série de contactos com os investidores institucionais estrangeiros da PT, como o Credit Suisse e o Deutsche Bank, de forma a procurar apoios para o negócio.
A Telefónica também detém 31,8% da Vivo e a parceria luso-espanhola no mercado brasileiro já dura há 10 anos.
Porém, os espanhóis têm por diversas vezes manifestado a intenção de tomar o controlo total da companhia brasileira, de forma a incorporá-la na empresa de rede fixa Telesp, cujo lucro no primeiro trimestre do ano desceu.
A oferta da Telefónica implica um prémio de 145% sobre a cotação das acções da Vivo negociadas na bolsa de São Paulo, mas foi imediatamente rejeitada pela PT, que considerou que uma venda "amputaria o seu futuro".
A Telefónica, que detém 10% da companhia portuguesa, mantém a oferta de pé até ao dia 06 de Junho e deseja que os investidores da PT votem o negócio, excluindo, no entanto, rever em alta o preço oferecido pela Vivo.
No entanto, a administração da PT antecipou-se à congénere espanhola e já deu início, no passado dia 17, a um road show junto de investidores dos EUA para tentar obter meios que lhe permitam disputar a liderança da Vivo.
Zeinal Bava vai percorrer, em duas semanas, seis Estados norte-americanos, iniciando a ronda de reuniões em Seattle, passando pela Califórnia e concluindo o seu périplo em Nova Iorque.
Depois dos Estados Unidos, o CEO da PT deslocar-se-á a Londres e às principais praças europeias.
"Não subestimem a PT"
"Não subestimem a PT, já tivémos uma OPA no passado e respondemos bem. Temos todas as condições para estar à altura do desafio", afirmou Zeinal Bava aos jornalistas, quando questionado sobre uma eventual OPA por parte do grupo de telecomunicações espanhol.
O presidente executivo da PT classificou de "tentativa de chantagem" a ameaça da Telefónica em cortar os dividendos da brasileira Vivo à empresa portuguesa.
Em declarações ao “Financial Times”, Zeinal Bava disse entender que a decisão de recusar uma oferta da Telefónica pela participação da PT na Vivo "não agrade ao CFO [Chief Financial Officer] da Telefónica" e acrescentou que "a tentativa de chantagem sobre a distribuição de dividendos da Vivo não nos intimida e é inaceitável".
Perante esta situação, Zeinal Bava afirmou que, "por uma questão de coerência", Santiago Valbuena deveria "demitir-se do conselho de administração da PT porque está em falta com os seus deveres de lealdade para com a PT e tem conflitos de interesse".