Os trabalhadores da Rohde votaram hoje, terça-feira, o encerramento da fábrica que era a maior empregadora nacional da indústria do calçado em Portugal.
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Na assembleia da credores, compareceram 921 dos cerca de 980 operários da empresa, sendo que 866 votaram contra o plano de viabilização apresentado pela insolvente, assim determinando o encerramento da fábrica.
Ainda antes da assembleia, Fernanda Moreira, do Sindicato dos Operários da Indústria do Calçado, Malas e Afins dos Distritos de Aveiro e Coimbra, tinha já antecipado essa decisão. "As pessoas não aceitam o último plano de viabilização da Rohde, que só propõe a manutenção de 150 postos de trabalho", adiantou a dirigente sindical.
"Depois das expectativas criadas da primeira vez, quando se falou em preservar 450 empregos, toda a gente desconfia deste plano, que só poupa 150", acrescentou.
Outro aspecto a motivar rejeição por parte do pessoal da fábrica é o facto de a preservação desses 150 postos de trabalho depender da liquidação da Rohde e da criação de uma nova empresa, que iria funcionar gratuitamente nas instalações da primeira durante um ano.
Fernanda Moreira afirmou que os operários da fábrica da Feira também se opõem a essa proposta porque entendem que, "se a empresa vai começar de novo, com contratos a prazo que não têm em conta a antiguidade dos trabalhadores, então deve pagar o aluguer das instalações".
Quanto ao futuro profissional das cerca de 980 pessoas que se mantêm afectas à Rohde, apesar de neste momento terem os seus contratos suspensos, a dirigente referiu: "O sector do calçado está a contratar, mas é em pequenas e micro empresas, portanto as perspectivas não serão de emprego certo nem de um contrato estável".
Entretanto, o Sindicato está a negociar com o Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP) "condições de atendimento especiais" para os futuros desempregados da Rohde, dado que acolher 980 operários na delegação que esse organismo ocupa em S. João da Madeira inviabilizaria o seu normal funcionamento.
Uma das soluções previstas para parte do actual edificado da Rohde é, aliás, que venha a acomodar um Centro de Emprego e também uma Loja do Cidadão. "Ainda não está nada oficializado", declarou Fernanda Moreira, "mas é disso que se tem vindo a falar".