A Confederação dos Sindicatos Marítimos e Portuários entregou um pré-aviso de greve, entre os dias 9 e 14 de Janeiro, que abrange vários portos nacionais.
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Os estivadores do Porto de Aveiro entraram, dia 24, em greve por tempo indeterminado contra a presença nas instalações portuárias de trabalhadores "alheios ao sector", numa altura em que foi pedida a insolvência da associação de trabalho portuário (ETP).
Aquele sindicato acusa a Administração do Porto de Aveiro e o Instituto Portuário e de Transportes Marítimos de "se terem demarcado das suas atribuições" no funcionamento da estrutura portuária e da ETP e de serem coniventes com a utilização de mão de obra alheia ao sector nas instalações portuárias.
Em solidariedade com os estivadores de Aveiro, a Confederação dos Sindicatos Marítimos e Portuários (FESMARPOR) entregou igualmente um pré-aviso de greve, entre os dias 9 e 14 de Janeiro, abrangendo os portos de Lisboa, Sines, Setúbal, Figueira da Foz, Aveiro, Viana do Castelo e Caniçal (Madeira).
Administrador diz não poder interferir na greve
"Considero a greve sectorial a certas cargas inaceitável, porque essa situação foi objecto de um acordo há quatro anos com o sindicato e com as empresas que fizeram investimentos, na base de determinados pressupostos que o sindicato agora vem pôr em causa", comentou José Luís Cacho, presidente da Administração do Porto de Aveiro.
José Luís Cacho garante que, dentro das competências legais, tudo tem feito no sentido de aproximar as partes a uma negociação e de pôr fim à situação que tem consequências graves para a economia.
"Não temos competência legal para interferir no processo porque são empresas privadas, mas tudo temos feito para que haja diálogo entre as partes e apelado ao bom senso para que a situação possa ser resolvida", disse.
José Luís Cacho reconhece que desde o dia 24 o movimento portuário é diminuto, mas afirmou à Lusa não possuir ainda estimativa de prejuízos que o Porto de Aveiro está a ter com a greve.
Aquele responsável adverte que o seu prolongamento pode deixar a ETP "sem recursos para cumprir as suas obrigações com os trabalhadores", até porque a paralisação, apesar de ser parcial a algumas cargas, "tem levado os navios para outros portos porque não querem correr o risco de chegar a Aveiro e não poderem carregar ou descarregar.
Ameaça de boicote europeu
Além do pré-aviso de greve anunciado pela FESMARPOR, a organização sindical internacional do sector (IDC) ameaça também boicotar a estiva de mercadorias com origem ou destino em Portugal, nos portos europeus, caso não haja um desfecho favorável à pretensão dos trabalhadores portugueses.
Aquela organização entende que o pedido de insolvência da ETP é "um mero expediente artificioso e eticamente inaceitável", das empresas de estiva AVEIPOR e SOCARPOR.
"O pedido de insolvência da ETP de Aveiro apenas poderia fazer sentido se as duas empresas de estiva, AVEIPORT e SOCARPOR, se encontrassem, elas próprias, em situação de insolvência, na medida em que aquela [a ETP] mais não é do que uma simples organização por elas criada para assegurar a mera gestão do referido contingente comum de trabalhadores portuários", diz em comunicado a IDC.