O coordenador do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, José Manuel Oliveira, diz que a greve na CP deverá rondar os "100%" de adesão. Além dos comboios, o protesto no sector dos transportes abrange, esta terça-feira, autocarros, metro e barcos que fazem a ligação entre Almada e Lisboa.
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Comboios parados, estações de Metro encerradas, autocarros apinhados de gente e, às 07.00 horas, o trânsito nos acessos a Lisboa era mais intenso. Este era o cenário ao início da manhã, devido à paralisação no sector dos transportes.
Os trabalhadores contestam as novas medidas de austeridade, como a suspensão dos subsídios de Natal e de férias, e o plano de reestruturação dos transportes, que prevê nomeadamente fusões das empresas públicas.
José Manuel Oliveira indicou, à Agência Lusa, que os "primeiros períodos da manhã reflectem os efeitos da greve já sentidos na segunda-feira à noite", prevendo-se uma paralisação quase total nas ligações da CP.
"Os comboios estão praticamente todos paralisados. Admitimos que a situação se mantenha assim devido à conjugação da greve na REFER e na CP. Ao longo do dia não haverá mesmo circulação de comboios", referiu o coordenador do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário (SNTSF).
A porta-voz da CP confirmou que a circulação ferroviária está praticamente parada em todo o país, referindo que das 74 ligações programadas entre as 00.00 horas e as 06.00 horas só se fizeram seis. Entre as quais, três com partida da Estação de Campanhã, no Porto, com destino a Braga, Douro e Lisboa.
Ana Portela adiantou que apesar de a greve que afecta a circulação ferroviária ser feita por turnos, não deverá haver comboios em andamento. "Há dez pré avisos de greve cruzados", referiu, acrescentando que afectam sempre o início ou fim de turno dos funcionários.
Apenas a ligação do comboio Lusitânia, que faz a ligação entre Lisboa e Madrid se realiza, por ser considerado serviço mínimo.
Ana Portela recordou que o Tribunal Arbitral não aceitou o pedido da CP para que fosse estabelecido como serviço mínimos 30% da circulação a nível nacional, referindo também que não há serviços alternativos.
O Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), Sindicato Independente, em representação dos Trabalhadores das Carreiras Comerciais da CP (Revisores, Trabalhadores das Bilheteiras, Assistentes Comerciais de entre outras) iniciou a jornada de luta às 05.00 horas e está a ter uma adesão maciça por parte dos Trabalhadores.
Também o Metropolitano de Lisboa, a Carris, os barcos da Transtejo e da Soflusa e os autocarros da STCP no Porto têm previstas paralisações.
O Metropolitano de Lisboa vai parar entre as 06.00 horas e as 10.00 horas, a Carris entre as 10.00 horas e as 16.00 horas e os barcos da Transtejo e da Soflusa vão deixar de circular entre as 14.00 horas e as 17.30 horas.
No Porto, os autocarros da STCP vão estar parados entre as 10.00 horas e as 16.00 horas .
No Metro do Porto não são esperadas quaisquer alterações porque "a operação está entregue a um sub-concessionário privado", explicou fonte da empresa.
O mesmo acontece com a Fertagus, que assegura o transporte por comboio na Ponte 25 de Abril, uma vez que não é uma empresa pública.
Em declarações à Lusa, Vítor Pereira, da FECTRANS - Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações sublinhou que houve a preocupação de não se marcar as paralisações para a mesma hora, nem para a hora de ponta, por forma a minimizar os danos para os utentes.
Segundo o sindicalista, "há uma revolta enorme no seio dos trabalhadores devido a estas medidas que o Governo quer impor", pelo que a "adesão a estas greves vai ser significativa no sentido de fazer perturbações no funcionamento normal do serviço prestado".