Subida dos combustíveis fez disparar procura de elétricos e híbridos em segunda mão. Comerciantes com dificuldades em conseguir automóveis.
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Normas antipoluição cada vez mais draconianas, uma maior consciência ambiental dos consumidores e a escalada dos preços dos combustíveis têm levado a um aumento da procura por veículos elétricos e eletrificados. No entanto, o preço ainda relativamente elevado dos modelos novos e a falta de oferta obriga muitos consumidores a procurar o mercado dos usados, que também tem problemas de stock.
"Temos notado um crescimento consolidado da procura por automóveis elétricos (VE), eletrificados e até a gás (GPL). No caso dos veículos novos, as vendas dos VE está a registar crescimentos na casa dos 140% e a escassez de oferta pode provocar uma transferência das intenções de compra para os usados e seminovos", explica ao JN Nuno Silva, presidente da Associação Portuguesa do Comércio Automóvel (APDCA).
No entanto, o setor "debate-se com o enorme desafio: os portugueses mantêm os automóveis mais tempo, o que provoca, por si só, uma falta de oferta".
Não há carros
"A procura aumentou, mas a capacidade de resposta dos nossos associados é limitada pela dificuldade que têm em obter automóveis para responder aos anseios dos clientes", diz Nuno Silva.
Um problema que se agudiza quando há "uma procura muito repentina por um determinado automóvel, como é o caso dos elétricos", explica, "motivada por desafios economicistas e impulsionados pela publicidade em torno dos veículos elétricos".
Com um mercado muito centrado no segmento C (correspondendo aos compactos), ainda há poucos modelos com preços inferiores, tais como os Renault Zoe e Twingo ou o Smart Forfour. "E os exemplares que os nossos associados conseguem desaparecem quase de imediato".
Incentivo à troca
A Associação Portuguesa do Comércio Automóvel não dispõe ainda de dados sobre "o aumento substancial da procura por usados elétricos". "Temos a noção que é mesmo muito significativo, mas ainda não conseguimos quantificar", admite o presidente da APDCA.
Para obviar às atuais dificuldades do mercado, Nuno Silva defende "um incentivo à troca de automóveis envelhecidos por usados mais recentes (com até cinco anos), incomparavelmente mais seguros e, acima de tudo, eficientes do ponto de vista ambiental e dos custos de utilização".