A Comissão de Utentes da A23 considera que uma redução no preço das portagens é insuficiente e voltou a defender que é necessário abolir as cobranças naquela via.
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"Continuamos a dizer que não é com descontos que se resolvem os problemas criados pela introdução das portagens e continuamos a dizer que o que serve a nossa região é a abolição definitiva das portagens", afirmou o porta-voz da Comissão de Utentes, Marco Gabriel.
A A23 - autoestrada da Beira Interior - liga Torres Novas à Guarda e atravessa os distritos de Santarém, Portalegre, Castelo Branco e Guarda.
Em declarações à agência Lusa, Marco Gabriel sublinhou que gostava de já estar a falar sobre uma medida concreta e não apenas sobre um plano de intenções. "De promessas já nós estamos fartos. Já ouvimos muitas, mas a verdade é que continuamos a pagar", fundamentou.
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Este responsável reagia assim ao anúncio do ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, que na terça-feira garantiu que o preço das portagens nas autoestradas do interior vai baixar até ao verão. No entanto, a redução não é imediata por ser necessário negociar com a concessionária da A23.
Na comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, Pedro Marques disse que o ministério concluiu o trabalho preparatório e está em condições para avançar com a redução das portagens para promover a mobilidade no interior, intenção que tinha manifestado desde o início do mandato.
Tivemos uma surpresa negativa: a renegociação da A23, realizada pelo Governo anterior, passou as receitas de portagem para o concessionário
"Contudo, tivemos uma surpresa negativa: a renegociação da A23, realizada pelo Governo anterior, passou as receitas de portagem para o concessionário e o Estado tem agora que iniciar uma renegociação com o concessionário. Estamos amarrados", declarou, admitindo "porventura custos associados" a uma nova alteração do contrato.
Uma situação que preocupa os utentes da A23, que apelam à tutela para que ponha fim ao que classificam como "mais uma malfeitoria do anterior Governo".
Esta antiga via sem custos para o utilizador (Scut) não tem qualquer alternativa viável
"Temos de nos livrar de mais esta parceria público privada em que o Estado está impedido de decidir sobre um bem público e a favor dos cidadãos. Sinceramente, isto é incompreensível", referiu Marco Gabriel.
Lembrando que esta antiga via sem custos para o utilizador (Scut) não tem qualquer alternativa viável e que a introdução de portagens se tem traduzido em enormes prejuízos para o tecido económico e social da região, o porta-voz dos utentes lamentou o facto de o ministro ainda não ter dado qualquer resposta ao pedido de audiência que foi apresentado de forma conjunta por comissões de utentes, sindicatos, movimentos contra as portagens e associações de empresários da região.
Ainda assim, mostrou-se "expectante" no resultado do projeto de resolução do PCP, que propõe o fim das portagens nas autoestradas do interior e que será discutido na Assembleia da República no dia 6 de maio.