O primeiro-ministro francês classificou, esta quarta-feira, a carta enviada pelo Governo grego para pedir aos parceiros europeus um novo programa de ajuda financeira como "um avanço" que permite dialogar, sublinhando que Paris rejeita que Atenas saia do euro.
Corpo do artigo
"Queremos que a Grécia continue na Europa, e a França fará tudo o que for possível para consegui-lo", sublinhou Manuel Valls num debate sobre a crise grega na Assembleia Nacional francesa.
Para o chefe do executivo francês, a carta que Atenas enviou hoje de manhã ao Eurogrupo a pedir um novo resgate "é equilibrada, positiva, dá mostras de um avanço".
"É uma etapa importante que permite dialogar", frisou.
A Grécia comprometeu-se hoje a apresentar um novo programa de reformas "credíveis", respondendo ao ultimato feito por dirigentes europeus que esperam concluir antes de domingo um acordo fundamental para manter o país na zona euro.
Manuel Valls anunciou também que, em caso de acordo com Atenas, a Assembleia Nacional francesa será chamada a votar. O Presidente, François Hollande, já tinha anunciado que o parlamento seria consultado quer houvesse acordo ou não.
"Qualquer que seja a questão, a Assembleia Nacional terá de se pronunciar. E, se houver acordo, a Assembleia deverá pronunciar-se através de votação", afirmou, para satisfação de muitos deputados.
Valls defendeu novamente a manutenção da Grécia na Zona Euro, apoiada pela França, considerando ser esta "uma questão geoestratégica e geopolítica da maior importância", que ilustrou com "as relações com a Turquia", "as ligações com a Rússia, o mundo ortodoxo" ou ainda a questão dos migrantes do Mediterrâneo e do Médio Oriente.
Uma saída da Grécia teria "consequências terríveis" para o povo grego, observou.
"Com uma saída, é certo: o colapso dos rendimentos, o aumento radical dos preços das importações, incluindo dos bens de primeira necessidade, consequências sociais e políticas e de ordem pública que nenhum de nós é capaz de prever. É isto que queremos para o povo grego? É esta imagem que queremos dar da Europa aos olhos do mundo? Não! Em todo o caso, não é essa a posição da França", afirmou.
Manuel Valls apelou contudo ao Governo grego para que "compareça no encontro da sua história e da história europeia".
"É preciso que o Governo grego queira também ajudar-se a ele mesmo", sustentou.
Quanto às "bases de um acordo completo", elas assentam em três pontos: "reformas necessárias e pormenorizadas" para "modernizar e redirecionar a economia"; construir "um Estado que realmente funcione", "meios para financiar o crescimento na Grécia"; e, por fim, "uma perspetiva clara sobre o tratamento da dívida", para a qual não há "temas tabu".
A França não vai nem "a reboque da Alemanha", nem é "indulgente em relação ao Governo de Alexis Tsipras", estando antes a mobilizar-se para manter a Grécia no Euro "porque é do seu interesse", disse ainda Valls.