Congelados, computadores e máquinas de café foram dos produtos mais comprados em 2020.
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Nem a subida de 8,1% das vendas do retalho alimentar, nem o disparo das compras online conseguiram suster o impacto da quebra de 17,7%, para pouco mais de 7 mil milhões de euros, do retalho especializado, fechado durante mais de três meses no ano passado. Em 2020, o retalho viu as vendas cair 1,5%, para 22,653 mil milhões de euros, segundo o Barómetro de Vendas da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).
O arranque de 2021 não inverteu esta tendência. "No retalho alimentar há uma estabilização e no especializado, com alguns dos operadores com lojas encerradas, estamos com níveis de faturação preocupantes", alerta Gonçalo Lobo Xavier. Com o segundo passo do desconfinamento, previsto para a próxima semana, o setor pede o alívio de medidas restritivas como o número de pessoas em loja, os horários de funcionamento e o fim da proibição de venda de roupa ou brinquedos em super e hipermercados.
"Abril e maio serão meses de recuperação que podem permitir às empresas olhar para os próximos meses com mais otimismo", diz o diretor-geral da APED.
"Mesmo com períodos de venda ao postigo e soluções de click and collect, estamos muito aquém do que seria desejável", alerta Gonçalo Lobo Xavier que, insiste, já alertou o Ministério da Economia para "a necessidade de um desconfinamento equilibrado, rápido, e que venha ao encontro do que é possível para manter os negócios abertos".
As restrições de 2020 não impediram um crescimento de 8% dos supermercados, para 15,6 mil milhões de euros nas receitas. Os portugueses reforçaram as compras de congelados (+17,6%), bazar ligeiro (+16,6%), mercearia (+11,6%), perecíveis (+11,5%), bebidas (+10,9%), laticínios (+5,7%) e higiene e limpeza (+4,2%). E sobretudo, enchendo o cabaz com mais marcas de distribuição que de fabricante: as marcas do super fecharam o ano com uma quota de 35,1%, uma subida de 1,4 pontos percentuais.
Fruto do teletrabalho e da transformação de lares em salas de aula, o mercado informático foi o que mais cresceu (23,1%), para 671 milhões, seguido dos pequenos eletrodomésticos (+20,2%), para 350 milhões, e grandes eletrodomésticos (+12,9%), para 667 milhões. No entretenimento e papelaria - que inclui os livros - as vendas recuaram 8,6%, para 298 milhões.