A chuva e o frio estão a provocar uma redução nas vendas de vestuário e calçado, sobretudo, no comércio de rua.
Corpo do artigo
O tempo nublado vai manter-se nos próximos dias e, se não fossem os turistas e a habilidade dos comerciantes de rua para fazer e desfazer montras conforme o estado do tempo, seriam ainda maiores as quebras no comércio.
"Começou o verão mas as vendas não estão a ser nada de especial. As quebras variam de região para região mas, no Porto, há quebras de 20% nas vendas e no interior do país os prejuízos ainda são maiores", disse ao JN Nuno Camilo, vice-presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCSP). A culpa vai quase toda para a chuva e para a falta de calor que se sente em Portugal.
"Desde o ano passado que estamos a ter dois arranques de estação: um verão que acaba tarde e um inverno que também começa cada vez mais tarde e que altera as dinâmicas das vendas", referiu Paulo Vaz, Diretor Geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP). A somar à incerteza das temperaturas, há um aumento crescente das vendas online e as constantes "promoções", "rebaixas" e "saldos" que tanto as grandes marcas como os pequenos comerciantes são obrigados a realizar.
Promoções contra quebras
"É a realidade que temos. O consumo de rua está muito associado ao clima e as promoções são a principal forma de os comerciantes contornarem a quebra nas vendas", explicou João Azevedo, presidente da Associação dos Comerciantes do Porto. Em Braga, a situação é idêntica. "As grandes marcas usam as promoções como estratégia de venda e os pequenos comerciantes locais fazem promoções para gerir stocks", salientou Rui Marques, da Associação Comercial de Braga. "Temos que esperar pacientemente que venha o verão para que os consumidores voltem a entrar nas lojas, a ver os produtos e a comprar", completou João Azevedo.
Eventos como a Taça das Nações, em futebol, e as romarias de S. João trouxeram ao Norte do país milhares de turistas portugueses e estrangeiros. Além das dormidas e da alimentação, sobretudo os estrangeiros fizeram muitas compras de roupa, calçado e têxteis lar.
Embora sem números, há unanimidade entre os comerciantes de que as vendas aumentaram de forma atípica. "As grandes marcas estão a tentar perceber como as coisas estão a mudar e como é possível e o que devem fazer para inverter a situação", disse Paulo Vaz.
Também o comércio local procura novas soluções. "Neste momento, uma das grandes preocupações das empresas de vestuário é tentar agarrar os consumidores mais jovens que, de uma maneira geral, ligam cada vez menos a marcas e estão preocupados em saber onde é feita a roupa, quem a faz, se recebem salários justos e se as empresas são amigas do ambiente", referiu o responsável pela Associação Têxtil e de Vestuário.
Sem possibilidade financeira e física de ter grandes stocks e uma grande variedade de produtos, cores e tamanhos, os comerciantes sentem que, cada vez mais, os clientes compram através da internet. "Tem de haver legislação europeia e uma maior fiscalização ao comercio online porque este é um dos fatores que está a desregular o mercado do setor têxtil, vestuário e calçado", afirmou Nuno Camilo que defende a aplicação de novas regras europeias sobre a realização de saldos, uniformizando "datas e critérios".