O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, disse, esta quinta-feira, em Bruxelas, estar "inteiramente de acordo" com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, sobre os limites da política de austeridade, no sentido de esta não ser, por si só, suficiente.
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Questionado, à margem de uma conferência sobre estabilidade e integração financeira, sobre declarações de Durão Barroso, que muitos entenderam como uma viragem de discurso de Bruxelas, no sentido de se terem atingido os limites da austeridade, Vítor Gaspar salientou que "o presidente da Comissão Europeia destacou logo no princípio da resposta" citada que "é crucial que os países com programa sejam capazes de reduzir os seus níveis de endividamento, equilibrar os seus orçamentos e assegurar a estabilidade financeira".
"Naturalmente estes pontos são muito importantes e eu estou inteiramente de acordo", comentou.
O ministro das Finanças acrescentou que o presidente do executivo comunitário "disse ainda que estes elementos, embora sejam necessários para o crescimento sustentado, não são suficientes".
"Eu estou também inteiramente de acordo, assim como está de acordo o Governo português, e isso é bem traduzido na iniciativa para o crescimento, o emprego e o fomento industrial que o Governo aprovou esta semana", declarou.
Segundo o ministro, "o presidente da Comissão Europeia, ao dizer que é preciso passar a uma nova fase, é preciso ir além do simples equilíbrio orçamental e estabilidade financeira, está efetivamente a dizer que, nesta fase, a Europa tem de por a sua prioridade no crescimento, no emprego e, em particular, no combate ao desemprego jovem, que é uma questão de enorme relevância para o futuro.
"Mas (Durão Barroso) está também a dizer, e isso é muito importante, que a ação europeia nessa matéria é predominante, quer pelos aspetos que já falei anteriormente, relativos ao sistema financeiro, mas também na flexibilização das metas nominais, o que já ocorreu: Portugal já beneficiou por duas vezes de uma alteração dos seus limites nominais para o défice e para a dívida", sublinhou.
Por outro lado, Vítor Gaspar considerou ainda que as palavras de Durão Barroso "são muito oportunas, ao destacarem a contribuição que a Comissão pode dar para o ajustamento na área do euro, o que tem por exemplo uma ligação direta com a conferência", desta quinta-feira à tarde, em Bruxelas, onde o ministro das Finanças português intervirá.
"Vou falar sobre a forma como a Europa pode combater a fragmentação financeira, o que é crucial para que haja uma melhoria efetiva das condições de financiamento e de crédito para as nossas empresas, em particular as Pequenas e Médias Empresas (PME) no setor exportador, no setor dos bens transacionáveis", adiantou.
Na passada segunda-feira, durante um debate em Bruxelas, Durão Barroso admitiu que a grande falha da União Europeia na resposta à crise foi não conseguir explicar aos cidadãos "o que estava em jogo", contribuindo para que as políticas de austeridade - que insistiu terem sido necessárias para corrigir os desequilíbrios criados pelos próprios Estados-membros, mas que têm agora de ser complementadas com medidas para o crescimento e emprego - não tivessem aceitabilidade política e social, conduzindo a tensões.