A Metro do Porto vai avançar com mais uma operação de retirada dos lugares sentados junto às portas de mais de 20 composições, de forma a responder ao aumento do número de passageiros, que é cada vez mais evidente.
Corpo do artigo
Os números falam por si: em maio, a operadora registou um recorde de 6,7 milhões de validações, ultrapassando o máximo anterior: 6,3 milhões em outubro de 2018.
A afluência de passageiros acentuou-se após a entrada em vigor do passe único que, em alguns casos, representa uma poupança superior a 100 euros mensais.
A operação de retirada de lugares sentados não só aumenta a capacidade de resposta de transporte, mas também "facilita os movimentos de entrada e de saída", justifica a empresa.
Entre os passageiros, a opinião da maioria é a mesma: "A solução não deveria ser retirar os lugares, mas sim aumentar o número de carruagens". Olga Silva aponta a dificuldade em alcançar as barras de apoio colocadas nas extremidades das carruagens. "Há muita gente a andar de pé que não se consegue segurar. Quem é pequeno como eu não chega lá", explicou a portuense de 71 anos que utiliza a linha da Póvoa de Varzim.
Mobilidade reduzida
"Uma pessoa com mobilidade reduzida, se não tiver lugar sentado, vai ter de esperar pelo veículo seguinte para seguir viagem", diz Mário Alves, de 70 anos, que considera ser "evidente" a necessidade de aumentar o número de veículos a circular. Operado há 15 dias e a mover-se com a ajuda de muletas, Mário Alves tem sentido dificuldade em viajar sentado. "Há sempre pessoas que cedem o lugar. Mas não acho normal tirarem as cadeiras", assegura.
Susana Dias vive em Santo Ovídio (Gaia) e utiliza sempre a linha Amarela. A estudante da Faculdade de Engenharia do Porto considera a retirada dos bancos um "transtorno". "Pessoas idosas, com crianças ao colo e mulheres grávidas vão ter mais dificuldade em encontrar um lugar. Deviam deixar os bancos e aumentar o número de veículos, que andam sempre lotados", explicou a jovem de 22 anos, realçando a pressão que se sente nos transportes públicos. "Os descontos ajudaram ao aumento de clientes em todas as linhas. Tenho reparado nisso todos os dias", garante Susana Dias.
Recorde-se que a Metro do Porto tem a decorrer um concurso para aquisição de mais 18 novos veículos para a frota, que deverão entrar em operação entre 2021 e 2023. Destinam-se, sobretudo, às novas linhas.
Medida é "normal"
Rosalina Jesus entende que "toda a gente quer viajar sentada", mas recebe a medida com naturalidade. "Há muitas cidades em que já é assim. Acho normal e é melhor aguardar um pouco e ver se os transportes melhoram ou não", afirmou a portuense de 70 anos.
"As pessoas estão mal habituadas", concluiu Rosalina Jesus.
DADOS
Assembleia adiada
A Assembleia-Geral da Metro do Porto agendada para ontem foi adiada para a próxima segunda-feira, dia 17. A votação da nova administração foi suspensa pela segunda vez a pedido do Estado, para aprovação das contas de 2018.
Linha Laranja
A linha F, da Senhora da Hora (Matosinhos) até Fânzeres (Gondomar), é o percurso que tem registado um crescimento mais significativo em todas as linhas da Metro do Porto: 32%
Bancos junto à porta
A Metro do Porto referiu que, neste momento, há 40 veículos a circular sem lugares sentados junto às portas das carruagens. Esta retirada de bancos representa uma diminuição de cerca de 20 lugares sentados, operação que foi iniciada em 2009 e retomada em 2017.
LISBOA
Espaços multiusos nos veículos
O Metropolitano de Lisboa também vai retirar bancos das carruagens que circulam na rede da capital. "Está previsto criar um espaço multiusos em 30 carruagens", ou seja, retirar-se bancos para "transportes de crianças em cadeirinhas de bebé e/ou transporte de volumes", explicou fonte da empresa. Avançou, ainda, que a retirada de bancos "não tem ligação direta com o aumento da procura de utentes". Face à procura, a transportadora aumentou a velocidade de circulação dos veículos.